terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Aforismos e poesias: Lúcidos devaneios - Parte 21



De: Vida
Para: Doxo

Se o Meu querer fosse o teu
e o teu fosse o Meu querer,
seria fácil, a ti, recitar o inexprimível.
Mas te divides em dois, dez, cem,
donde quando ou como ou quanto é maioria.
E numa balança medes e negocias,
mas na avença sempre perdes.
E se decides ao lucro, na consciência lutas ante o luto.
E novamente tornas a desejar-me tanto e nada,
pois me queres tanto e quanto e até não quando;
e na medida de um vazio tão pesado,
(ao vento inalas um frescor tão sufocante),
e ao calor que traz a ti gélido arrepio,
não vês nada além até fechares os olhos.
Se a brisa soprasse versos,
colhê-los-iam aqueles que se fizessem sensíveis.
Mas a linguagem eólia
pouco e nada vos é compreendida...
Então resta o choro de quem não sabe
e resta a angústia de quem espera
e resta a dor de quem crê amar.
De anseios faz-se o castelo de cartas:
Tão frágil que mal suporta a respiração
de um sussurro de amor...
Quão vãos são os desejos
dispersos nas areias do tempo:
Nada dizem conquanto gritem alto.
São maquinações de uma existência
que se vê submersa nas águas da soberba,
sem fôlego, afogada em amarga ilusão;
ilusão essa que mente quanto ao que se vê e crê
acerca de ti e do mundo e de Mim...
Ah, se pudesses ver que o adiante pode estar atrás
e se entendesses que o além se faz daí, onde estás...
O que esperas, espere em Mim
e o que desejas, deseje em Mim
e o que fizeres, faça em Mim...
Só assim o ar da paz se achegará
ao teu tempestuoso ser.

Jordanny Silva

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