De: Vida
Para: Doxo
Se
o Meu querer fosse o teu
e
o teu fosse o Meu querer,
seria
fácil, a ti, recitar o inexprimível.
Mas
te divides em dois, dez, cem,
donde
quando ou como ou quanto é maioria.
E
numa balança medes e negocias,
mas
na avença sempre perdes.
E
se decides ao lucro, na consciência lutas ante o luto.
E
novamente tornas a desejar-me tanto e nada,
pois
me queres tanto e quanto e até não quando;
e na medida de um vazio tão pesado,
(ao
vento inalas um frescor tão sufocante),
e ao calor que traz a ti gélido arrepio,
não
vês nada além até fechares os olhos.
Se
a brisa soprasse versos,
colhê-los-iam
aqueles que se fizessem sensíveis.
Mas
a linguagem eólia
pouco
e nada vos é compreendida...
Então
resta o choro de quem não sabe
e
resta a angústia de quem espera
e
resta a dor de quem crê amar.
De
anseios faz-se o castelo de cartas:
Tão
frágil que mal suporta a respiração
de
um sussurro de amor...
Quão
vãos são os desejos
dispersos
nas areias do tempo:
Nada
dizem conquanto gritem alto.
São
maquinações de uma existência
que
se vê submersa nas águas da soberba,
sem
fôlego, afogada em amarga ilusão;
ilusão
essa que mente quanto ao que se vê e crê
acerca
de ti e do mundo e de Mim...
Ah,
se pudesses ver que o adiante pode estar atrás
e
se entendesses que o além se faz daí, onde estás...
O
que esperas, espere em Mim
e
o que desejas, deseje em Mim
e
o que fizeres, faça em Mim...
Só
assim o ar da paz se achegará
ao teu tempestuoso ser.Jordanny Silva
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