Nicho da dor
Calabouço
de paredes frias
e de
umidade que avança em mofo;
sobre
as úlceras rastejam as larvas
asquerosas,
companheiras únicas.
Ao
som que vem das sombras
carregado
de arrepios e temores,
a negra
nuvem baixa impiedosa;
logo
salta aos olhos expressão de angústia,
medo
e dor que cada vez mais perto
cobrem
porquanto revelam tão vil realidade.
Nesse
ardor de penúria e lamentos,
sempre
opta pela solidão,
que
é amiga e que repele e atrai aos desalentos;
que
é cura e vírus; antídoto e veneno.
Tudo
para que não sejas aqui reclusa,
já
que o sofrer teu inda é a mais vil sensação.
Quais
memórias de outrora,
donde
nas fontes da esperança se nadava...
Mas
agora a sequidão do ser lambeu suas águas;
e
donde se bebia em abundância
hoje
os lábios se lançam às poças, ao chão:
Chão
rachado de cancros e cicatrizes.
Ali
não há sombras de alívio;
há
somente as do horror.
O
aroma nostálgico das recordações
faz
retorcer de azia,
e
corrói ao âmago das entranhas que se fazem ser...
E
ao horizonte que se põe além,
não
se veem sonhos nem desejos sãos,
a
não ser a sepultura,
que
é doçura em taças amargas...
Jordanny Silva