A inversão de conceitos está entre as coisas que mais me admiram nos dias atuais. Ainda mais quando, imperceptivelmente, essa inversão se maquia de piedade e aponta para os títulos uma autoridade mística quase que intocável. É incrível perceber o quanto esse novo evangelho, que se desenvolve como uma praga mortífera, totalmente adequado ao mundo, servo do orgulho e da arrogância, tem sido engolido por multidões como se fosse o verdadeiro; e, a menção à autoridade que os “cabeças” desse evangelho apresentam, traz em seu escopo uma série de maldições e conseqüências maléficas para quem, lucidamente, o rejeita, ainda que de forma instintiva e irracional. É uma pena perceber tais líderes, chamados pastores, bispos ou apóstolos, que se enchem totalmente para dizer que são a “autoridade plena” de Deus aqui na terra.
O mais interessante é ver o desespero dos que ambicionam galgar degraus nesse jogo de poder evangélico, fazendo tudo, absolutamente, pelo reconhecimento pessoal e terreno, treinados segundo a semelhança luciferiana, que busca, como uma sanguessuga, o endeusamento pessoal, a fim de submeter outros tantos às suas façanhas peçonhentas e venenosas. Tais ambiciosos, estão tão iludidos por esse novo evangelho, que acabam acreditando que o verdadeiro significado da ambição episcopal adere-se mais ao reconhecimento terreal, sob um autoritarismo místico fundamentado em fábulas, do que em uma repúdia social, seguindo a mensagem profética do próprio Mestre (Jo 17.14).
Por meio desse novo evangelho é que o título dominou o ministério, e conseguimos criar, ao invés de cristãos, demônios sedentos pelo reconhecimento. É nisso que se vincula o desejo pela autoridade autoritária, que se afasta do padrão bíblico, aumentando o valor do título ministerial e minorando o valor do evangelho da Graça. Consequentemente, tais títulos se revelam como uma máscara, uma camuflagem, a fim de maquiar o verdadeiro monstro que está por trás dele. Muitos, nesse desejo nauseante, ostentam desesperada e insanamente, serem consagrados a pastores, bispos ou apóstolos, no afã de valerem-se desse título como ponto de autoritarismo, enganando e sendo enganados. Quanta ignorância! Não percebem que, na verdade, não existem no verdadeiro evangelho “Pastor Fulano”, “Bispo Beltrano” ou “Apóstolo Cicrano”... Pelo contrário, existem apenas servos bons e fiéis ou servos infiéis... Muitos, ao serem separados para pastores já se acham os donos do mundo; detentores de uma autoridade irrefutável, inabalável e inquestionável! E ai de quem não se submeter aos seus caprichos egocêntricos!!!
Paulo nos dá um verdadeiro exemplo do que é o verdadeiro chamado. Em suas cartas, não se apresenta como Apóstolo Paulo, mas sim como Paulo, apóstolo e servo. Ele revela a autoridade a que estava revestido por meio de seus sofrimentos, de suas tribulações e nas perseguições que vivenciou, arrancando de si mesmo qualquer pretensão de ser um super-homem. Pelo contrário, Paulo, sequer, entregou a Deus o seu melhor; mas buscou entregar-se totalmente a Ele, incluindo-se, principalmente, as suas fraquezas e necessidades. Paulo percebia que era exatamente em suas fraquezas que o poder de Deus era aperfeiçoado (2Co 12.9). Logo, me pergunto: por que estes novos pastores, bispos e apóstolos, buscam tanto apresentar sua autoridade por meio de seus títulos ao invés de autenticar seus ministérios por meio de suas fraquezas e necessidades? Por que buscam ser tão fortes, ao invés de serem tão fracos? Por que apontam o título na frente do próprio nome, quando na verdade o correto seria, em reconhecimento de sua humanidade falida, apontar primeiro o nome e, em seguida, o seu ministério?
“Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado PARA apóstolo, separado PARA o evangelho de Deus” (Rm 1.1).
Você almeja o episcopado ou o reconhecimento que um título, aparentemente episcopal, pode lhe auferir? Você é o Pastor Fulano de Tal ou é o Fulano de Tal, pastor segundo a vontade de Deus?
A paz do Senhor a todos!
Jordanny Silva,
Servo de Cristo, separado para pastor segundo a vontade de Deus!