quinta-feira, 29 de abril de 2010

Análise do "Encontro": é tremendo! - Parte 10c


A Fogueira Santa: Pisando o Filho de Deus e Profanando o Sangue

(Hebreus 10:29) - De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue da aliança com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça?

O texto acima nos faz refletir profundamente acerca do castigo que será sobreposto àqueles que, conhecendo a Verdade, desconsiderarem o sacrifício de Cristo por nossos pecados, aplicando técnicas anti-bíblicas e extra-bíblicas com a finalidade de inovar no campo da espiritualidade. No verso 31 deste capítulo, vemos ainda a seguinte exortação: “Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo.” Antes de dar continuidade ao presente estudo, devo te conscientizar que não estamos brincando de ser crentes, e que nossas atitudes, por mais aparentemente espirituais que sejam, não nos trazem justificação diante de Deus. Vemos, em Mt 7.15-23, Jesus nos informando acerca de como será o julgamento dos falsos mestres. Para os tais, não há justificativas. Não adianta dizer:

- Mas, Senhor, em teu nome expulsamos demônios; o Senhor não viu no Encontro o processo de libertação? Em Teu nome curamos a alma de diversas pessoas, o Senhor não viu no Encontro a nossa cura interior e a ministração da cruz? Mas, Senhor, eu até confessei pecado por pecado a fim de ser salvo! Senhor, nós fizemos grandes obras. O Senhor não viu o número de pessoas que choravam, e a emoção de cada uma delas?

Entretanto, a resposta do Bom Mestre será a seguinte:

(Mateus 7:23) - E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade.

Dito isso, passemos a análise seguinte a fim de percebermos em quais pontos estamos pisando o Filho de Deus e profanando o Seu sangue. Façamos leitura do texto abaixo, extraído da apostila:

O ministrador deverá pedir que os encontristas escrevam tudo o que o Espírito Santo os lembrar sobre acontecimentos ruins, pecados, traumas, etc. em uma folha de papel, que será queimada na fogueira, exemplificando o mesmo acontecimento no livro de Atos dos Apóstolos (At. 19:19). Após escrever, todos devem caminhar rumo à fogueira.

Chegamos um dos pontos cruciais do Encontro. Após a utilização de técnicas ocultistas para levar as pessoas a um estágio emocional bastante peculiar, bem como a um comportamento frenético, o ministro traz uma lista de pecados para ser preenchida, ou pede para que os participantes do Encontro escrevam seus pecados em uma folha de papel. Em seguida, todos são dirigidos a um local, previamente preparado, onde está erguida uma cruz junto com uma fogueira. Nesse momento, a fogueira é acesa e todos são convidados a lançarem aquele papel, juntamente com quaisquer objetos, dentro do fogo. Essa prática, segundo os criadores do Encontro, está fundamentada na Bíblia, no famigerado texto descrito em Atos 19.19. Para compreendermos melhor este texto é necessário fazermos a leitura do mesmo:

(Atos 19:19) - Também muitos dos que seguiam artes mágicas trouxeram os seus livros, e os queimaram na presença de todos e, feita a conta do seu preço, acharam que montava a cinqüenta mil peças de prata.

Para compreendermos este texto, antes de tudo, é necessário entendermos um pouco mais da Bíblia. Toda a Bíblia é inspirada por Deus, isso é um fato incontestável! Entretanto, dentro da inspiração divina, nós, didaticamente, podemos sistematizar a fim de descobrirmos as diferentes formas textuais empregadas na Palavra. Poderemos, assim, dividir os tipos de inspiração, basicamente, em cinco: 1) Inspiração principiológica; 2) Inspiração mandamental; 3) Inspiração profética; 4) Inspiração promissiva ou promissória; e 5) Inspiração descritiva. Qual a necessidade de compreendermos cada uma dessas formas de inspiração? Na verdade, caro ledor, a imprescindibilidade de se entender cada uma dessas formas de inspiração queda-se na necessidade de sabermos diferenciar o momento em que o Senhor nos revela, em Sua Palavra, um princípio, preceito, profecia, promessa ou quando apenas nos descreve um fato que ocorreu.

Mas, voltando à compreensão de cada uma das formas de inspiração, a primeira delas é a Principiológica. Sabemos que a Bíblia é um livro constituído de diversos princípios. Esses princípios assumem a tarefa de preencher algumas lacunas não tratadas por mandamentos. Exatamente isso! Por exemplo, percebemos que a Bíblia, explicitamente, não condena o ato de uma pessoa fumar. Entretanto, seguindo um princípio bíblico de que o nosso corpo é templo do Espírito Santo (1Co 3.16,17), não podemos destruí-lo por meio dos vícios e de práticas não saudáveis. Isso é um princípio bíblico. Perceba que não há um mandamento explícito dizendo: não fumarás; ou não te drogarás. Desse modo, algumas atitudes nossas serão albergadas por princípios bíblicos. Ainda em relação aos princípios bíblicos, em Gálatas 5.19-21, Paulo nos traz uma lista enorme das obras da carne, mas não encerra a lista ali; pelo contrário, o apóstolo finaliza dizendo “e coisas semelhantes a essas”; ou seja, tudo que se assemelha àquilo que ele diz são obras da carne, princípios que não devem ser quebrados.

Em seguida nós temos a Inspiração Mandamental, em sentido restrito. Dentre os mandamentos nós podemos citar o decálogo (Êx 20.3-17). Também temos a reafirmação do mandamento supremo pelo Senhor Jesus (Mt 22.37-39; Mc 12.29-31; Lc 10.27). Na verdade a Inspiração Mandamental, latu senso, trata dos preceitos divinos, mandamentos e princípios divinos. Apenas separei para fins didáticos.

Dando continuidade, temos também a Inspiração Profética. É sabido que a Bíblia é composta de aproximadamente 1/3 de profecias. A profecia, apesar de não estar acima dos mandamentos e dos princípios, é de suma importância, pois corrobora e sustenta a autenticidade e infalibilidade da Palavra. Perceba que as profecias bíblicas têm se cumprido com 100% de precisão. Logo, a profecia torna toda a humanidade inescusável, diante do descaso para com a mesma.

Logo mais, nós temos a Inspiração Promissiva ou Promissória. Grande parte do texto sagrado é constituída de promessas. As promessas, em diversos momentos, estão fundidas às profecias. Entretanto, as promessas são bênçãos sobrenaturais que o Senhor, a nós, tem preparado. As promessas não podem ser o motivo precípuo de seguirmos ao Senhor, senão adentraremos em um fundamento hedonista, que tão somente serve a Deus pelos benefícios futuros que serão alcançados. Devemos servir ao Senhor por amor e com amor. As promessas nos servem de consolo, e corroboram a fidelidade e as misericórdias de Deus para conosco.

E, por último, chegamos à Inspiração Descritiva. A Palavra de Deus confirma a sua autenticidade quando descreve fatos com detalhes. Isso mesmo! Percebemos que a Bíblia não busca esconder os erros ou equívocos de seus santos. Também não tenta esconder os eventos realizados pelos personagens citados. Quando a Bíblia simplesmente nos conta um fato que aconteceu, nós estamos diante de uma descrição. Por exemplo, o pecado de Saul (1Sm 13) é descrito na Bíblia não com um mandamento, princípio, promessa ou profecia; é apenas descrito. Entretanto, a Inspiração Descritiva, por diversas vezes, tem sido confundida com Inspiração Principiológica ou Mandamental, e é nesse momento que devemos ter cautela. Certa vez, por exemplo, vi alguém dizer que a Bíblia diz que “se a obra é de Deus vai perdurar; se não é de Deus rapidamente vai se extinguir”. Tal afirmação está fundamentada no conselho de Gamaliel (At 5.34-39). Contudo, seria realmente um princípio bíblico essa frase destacada? Com um pouco de raciocínio lógico podemos perceber a falsidade dessa premissa. Por exemplo, sabemos que religiões como o hinduísmo, o budismo, o catolicismo romano ou mesmo o islamismo, já perduram por vários séculos. Se aquela premissa fosse verdadeira, o que confirmaria a autenticidade divina de uma religião seria o tempo. Entretanto, sabemos que nenhuma dessas religiões é verdadeira; e que trazem diversos preceitos pagãos e anti-bíblicos. Você consegue perceber que a Inspiração Descritiva pode ser confundida com os outros tipos de inspiração? Entendido isso, passemos à análise do texto que, segundo os criadores do Encontro, fundamenta a utilização da fogueira:

(Atos 19:19) - Também muitos dos que seguiam artes mágicas trouxeram os seus livros, e os queimaram na presença de todos e, feita a conta do seu preço, acharam que montava a cinqüenta mil peças de prata.

O contexto a que se refere esse versículo bíblico nos remete à pregação de Paulo, pelo Espírito, em Éfeso. Diversas maravilhas aconteceram naqueles dias. A Palavra nos informa acerca das conversões que se davam após o convencimento e pelo poder do Espírito Santo sobre a vida do apóstolo. Em seguida, alguns que haviam se convertido, juntam seus apetrechos que tinham relação com a magia, bem como livros e, sem qualquer tipo de ordem apostólica ou episcopal, queimavam na presença de todos. Entretanto, eu queria que você notasse o seguinte: primeiramente, não há um mandamento ou ordem para que eles queimem aqueles objetos; segundo, não há uma confissão no ato de queimar os objetos (tal como proposto pelo Encontro), pelo contrário, a confissão é anterior àquele ato, e não simultâneo (At 19.18); em terceiro lugar, não há a apresentação de um “ato profético” ao queimar aqueles pertences, veja que eles simplesmente queimavam sem qualquer cerimônia ritualística.

Diante disso, percebemos que o ato de queimar os pertences não é um preceito bíblico, tampouco profético. Nesse caso, a Bíblia apenas descreve algo que os novos convertidos de Éfeso decidiram fazer espontaneamente. Percebe-se, ainda, que tal feito não é repetido em nenhum outro lugar da Bíblia, o que corrobora a afirmação de que não se trata de um preceito, ou mesmo “ato profético”. Contudo, devemos nos aprofundar na análise para percebemos o grau do erro que temos cometido ao repetirmos, liturgicamente, este ato.

Vejamos o que é realizado logo em seguida, no Encontro:

O ministrador deverá também informar que peças de roupa que tenham símbolos da Nova Era, cartas de pessoas com quem tiveram relacionamento ilícito, presentes de origem ilícita, CDs mundanos, crucifixos, revistas pornográficas, cigarros, preservativos (jovens solteiros) e todos os objetos que se relacionam com algum pecado, devem ser queimados. As pessoas podem ir ao dormitório pegar os objetos para que sejam destruídos. Todo argumento de Satanás deverá ser anulado.
Diga-lhes que Deus já os perdoou, e que devem pegar o papel, bem como os objetos, e queimá-los na fogueira, testificando que renunciam a tudo isso e ao que significam. (Grifo nosso)



Fiz questão se sublinhar as seguintes frases “Todo argumento de Satanás deverá ser anulado” e “...testificando que renunciam a tudo isso e ao que significam”. Desse modo, para compreendermos onde reside o equívoco de tal ato profético, inicio com as seguintes perguntas: o que testifica a nossa salvação? Seriam palavras de efeito? Vejamos alguns textos bíblicos que nos traz a resposta a tudo isso:

(Rm 8.16) - O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.
(1Jo 5.6-8) - Este é aquele que veio por água e sangue, isto é, Jesus Cristo; não só por água, mas por água e por sangue. E o Espírito é o que testifica, porque o Espírito é a verdade. Porque três são os que testificam [no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo; e estes três são um. E três são os que testificam na terra:] o Espírito, e a água e o sangue; e estes três concordam num. (Grifos nossos)

O ato de queimarmos objetos em uma fogueira não testifica absolutamente nada. Biblicamente, não há sequer o dever de se queimar tudo publicamente a fim de testificar algo. Ao comungarmos com tal ato profético, trazemos confusão à mente de muitos. E, ao mesmo tempo, indiretamente, substituímos o testemunho do Espírito, que é interior, por um rito não ordenado pela Escritura. Quem testifica a completa obra da salvação nas nossas vidas é o Espírito, e a água e o sangue. É evidente que o Espírito recebe, por diversas vezes, a figura do fogo, visto que Ele é juízo. Mas este fogo é uma representação figurativa, no âmbito material, e real no âmbito espiritual. Logo, tal rito, indiretamente, tenta substituir, de forma confusa, a obra imaterial do Senhor Jesus Cristo em nossas vidas, construindo um ritual estranho e não ordenado.

Para se ter uma idéia do grau de confusão que esse tipo de ritual cria, no primeiro Encontro realizado por nossa igreja, um jovem, no momento desse estranho “ato profético” da fogueira, se viu aparentemente possesso por um espírito maligno. Segundo alguns dos obreiros que organizavam esse Encontro, esse jovem só seria liberto se jogasse um colar, que era um ponto de legalidade demoníaca em sua vida, no fogo. O incrível é que, mesmo depois de todo esse RITUAL DO FOGO, esse jovem continuou fora da igreja, demonstrando eficácia zero às invencionices humanas. Tudo isso, aparenta-se mais a um tipo maquiado de idolatria onde queimamos tais objetos sob o credo de que seremos libertos e que não haverá mais argumentos do diabo sobre nossas vidas. Qualquer semelhança com os rituais apresentados a Moloque, desde os tempos antigos, não seria mera coincidência, não é mesmo? Se dependermos de um ritual desse nível para cancelarmos os argumentos do diabo sobre nossas vidas, ou mesmo para testificar a nossa libertação, então criamos um novo tipo de deus, que atua de conformidade com ritos executados segundo a nossa criatividade.

A pergunta que surge em meu interior é a seguinte: onde fica o sangue de Cristo nessa história? Qual a validade de Seu sacrifício por nós? Aliás, Seu sacrifício precisa ser ratificado por meio de uma prática ritualística que tem semelhança com diversos cultos pagãos? Com esse tipo de evangelho, onde iremos parar? Na verdade, como somos coniventes com isso tudo, pisamos no Filho de Deus e profanamos o Sangue de Cristo. É o Sangue de Jesus que nos purifica de todo pecado (1Jo 1.7). O Espírito é quem testifica em nós que não há mais condenação sobre nossas vidas (Rm 8.1).

A semelhança dos hebreus que buscam, ainda hoje, suprir o sangue de Cristo por meio de sacrifícios e oblações, quando nos vinculamos a tais rituais somos muito mais culpados de tal pecado. Vejamos o que trata o texto escrito aos Hebreus:

(Hb 10.1-29) - PORQUE tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam. Doutra maneira, teriam deixado de se oferecer, porque, purificados uma vez os ministrantes, nunca mais teriam consciência de pecado. Nesses sacrifícios, porém, cada ano se faz comemoração dos pecados, porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire os pecados. Por isso, entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo me preparaste; holocaustos e oblações pelo pecado não te agradaram. Então disse: Eis aqui venho (No princípio do livro está escrito de mim), para fazer, ó Deus, a tua vontade. Como acima diz: Sacrifício e oferta, e holocaustos e oblações pelo pecado não quiseste, nem te agradaram (os quais se oferecem segundo a lei). Então disse: Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a tua vontade. Tira o primeiro, para estabelecer o segundo. Na qual vontade temos sido santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez. E assim todo o sacerdote aparece cada dia, ministrando e oferecendo muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca podem tirar os pecados; mas este, havendo oferecido para sempre um único sacrifício pelos pecados, está assentado à destra de Deus, daqui em diante esperando até que os seus inimigos sejam postos por escabelo de seus pés. Porque com uma só oblação aperfeiçoou para sempre os que são santificados. E também o Espírito Santo no-lo testifica, porque depois de haver dito: Esta é a aliança que farei com eles Depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei as minhas leis em seus corações, E as escreverei em seus entendimentos; acrescenta: E jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniqüidades. Ora, onde há remissão destes, não há mais oblação pelo pecado. Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne, e tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus, cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé, tendo os corações purificados da má consciência, e o corpo lavado com água limpa, retenhamos firmes a confissão da nossa esperança; porque fiel é o que prometeu. E consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras, Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia. Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, mas uma certa expectação horrível de juízo, e ardor de fogo, que há de devorar os adversários. Quebrantando alguém a lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue da aliança com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça?

Ao reinventarmos rituais e “atos proféticos”, passamos a reconstruir o que Jesus derrubou. Como diz em uma canção do João Alexandre “re-costuramos o véu que a Cruz já rasgou”. Tais rituais e sacrifícios buscam diminuir a eficácia da oblação oferecida por nossos pecados, no Filho de Deus. E a adoção de rituais, e símbolos judaizantes sob a alegação de serem “atos proféticos”, profana o precioso Sangue de Cristo. O próprio texto acima nos diz: “Ora, onde há remissão destes [dos filhos de Deus], não há mais oblação pelo pecado” (v. 18). Quando se fala de oblação, está tratando de quaisquer ritos que buscam, ainda que inconscientemente, substituir o que é conquistado, pela fé, por algo palpável, como é o caso desses diversos “atos proféticos”. Ora a fé é, por natureza, invisível e intocável, logo, o ato profético descaracteriza o próprio conceito bíblico de fé. Consequentemente, “ato profético” não é fé. E fé não vem acompanhada de algo que eu possa tocar ou mesmo ver. O conceito bíblico de fé não nos dá espaço para tais invencionices. E, como dito antes, tais invenções buscam, se não eliminar, pelo menos, diminuir a eficácia do Sangue de Cristo.

O ritual de remissão pelos nossos pecados foi único (v. 12), não havendo necessidade de novos rituais. Aliás, a utilização de novos rituais, com exceção das ordenanças deixadas pelo Mestre (Mt 28.19,20; 1Co 11.23), apenas profanam o Sangue de Cristo, e pisam no Cordeiro. É perceptível a gravidade do que estamos fazendo? É momento de arrependimento. É momento de voltarmos à simplicidade de Cristo (2Co 11.3). Tais rituais não alcançam quaisquer finalidades espirituais, pelo contrário, apenas geram idolatria e confusão.

Mas, e se alguém quiser queimar algum objeto pelo qual não se sente bem? É necessário compreender que o objeto em si mesmo, não é a chave da libertação da pessoa. Entretanto, caso ele queira desfazer de algo queimando, não há pecado nesse ato em si. O problema é tornar esse ato pessoal e facultativo, em um dever ritualístico, como trata o Encontro:

...todos os objetos que se relacionam com algum pecado, devem ser queimados.

O verbo “devem” aplicado na apostila demonstra o sentido conotativo e denotativo apresentado por esse rito. Isso revela o grande equívoco na utilização de tal ritual.

Por último, corroborando tudo o que foi dito, vejamos ainda o que nos traz a apostila do Encontro:

Próximo à fogueira, divida-os em grupos de 12. Eles deverão jogar ao fogo os papéis e objetos e juntos gritarem: "ESTÃO ANULADOS TODOS OS ARGUMENTOS SOBRE MINHA VIDA!"

É necessário comentar algo mais? Repensemos tais práticas e ritos inventados, se há a necessidade de utilização dos mesmos pelo povo de Deus! A conclusão, caro leitor, deixo novamente para você!
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Um comentário:

fernanda disse...

Muito esclarecedor, participei de um encontro e não me senti bem...Hoje não recomendo ninguém participar.Agora a pergunta que não quer calar...a maioria das igrejas tradicionais e pentecostais adotam práticas neopentecostais,onde ir?