Distante
Veio como lâmina cortante
E partiu o véu ao meio...
E pude ver o tesouro...
Veio como bússola
E me apontou veraz vereda...
E pude achar o tesouro...
Veio como terremoto
E fendeu terra e rocha...
E pude ter o tesouro...
Cortou-me e partiu-me;
Norteou-me e desbravou-me;
Estremeceu-me e fendeu-me...
E entendi o que eu mesmo
Havia encoberto e perdido e enterrado...
Que poder tens, ó Distância?
Tu que levas tudo para longe...
Que poder tens, ó Distância?
Tu que trazes para bem perto a saudade
Que é lâmina e bússola e tremor...
Que poder tens, ó Distância?
Tu que revelas o valor do que, não tendo valor,
É puro e simples valor...
Que poder tens, ó Distância?
Círculo que és:
Põe-se longe até que se põe perto...
Que poder tens, ó Distância?
Tu que me condenas a seguir tua sina
De encontros, desencontros e reencontros...
De tão próximo de saber-te
Distei-me de entender-te, fiel companheira...
Jordanny Silva
Gama – DF, 17 de maio de 2012.