quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

A Vitória que Vence o Mundo - Parte 7









CAPÍTULO 5 - Cartas Escritas e Lidas




“Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens. Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração. E é por Cristo que temos tal confiança em Deus; não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus, o qual nos fez também capazes de ser ministros de um novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica.” (2Co 3.2-6) [Ênfases adicionadas]




Somos cartas escritas. Mas a grande diferença entre nós e uma correspondência comum, é o endereçamento que transcende o pessoal e se direciona a todos os homens. Ser consciente dessa diferença é essencial para que a nossa fé tenha impacto nesse mundo perdido. Temos, enquanto cartas escritas, a função de expressar mediante um viver reto todo o conteúdo da nova aliança. Em outras palavras, o novo testamento é manifesto por meio de nossas vidas. Isso traduz uma responsabilidade sobrenatural que só é possível mediante a graça do Senhor.




Ao mesmo tempo, ao contrário dos fariseus hipócritas tão confrontados por Cristo, não expressamos uma teologia vazia, baseada em um conteúdo moral impossível de se viver. Não! Como bem observado por Paulo no texto a que se fez referência, Deus nos capacita a sermos ministros da nova aliança, não segundo a lei veterotestamentária, mas segundo a vida que se manifesta por meio do fruto do Espírito.




Somos, portanto, observados por todos que estão a nossa volta. Vivemos em um imenso “Big Brother”, onde o mundo lê a nossa vida e espera de nós testemunho convergente com o que professamos. Não há, pois, espaço para mau testemunho e, se esses existem, a consequência é o descrédito exponencial em relação a nossa fé. A gravidade disso aponta para a crescente apostasia observada nos dias atuais (2Ts 2.3; 1Tm 4.1; 2Tm 3.1-7; 4.1-4). Não obstante, o próprio Cristo chega a exclamar: “Quando, porém, vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?” (Lc 18.8).




A crise de fé acompanha a crise de piedade. Na verdade, a piedade deve ser exercitada pelo servo do Senhor (1Tm 4.7,8). É justamente na piedade que se revela a verdadeira religião, conforme nos ensina Tiago:




“A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo.” (Tg 1.27)




Ao contrário do que vemos atualmente dentro da maioria dos ajuntamentos evangélicos, a religião verdadeira não se manifesta por meio de ritos complexos ou invencionices baseadas em fábulas. É representada pelo amor aos necessitados. Essa religião grita alto, chama a atenção e convence o pecador do amor de Deus revelado em Seu Filho, Jesus Cristo.




Testemunhamos um crescente número de teólogos e estudiosos da palavra de Deus. Isso é algo bom! Contudo, o que não podemos é ter um grande número de teóricos que interpretam a Palavra, mas não a praticam (Tg 1.23-25).




É crescente, por exemplo, o mercado de livros no meio evangélico. Junto com isso aumenta-se o número de pregadores itinerantes, que vivem desse comércio. Enquanto isso, mais e mais a palavra tem sido mercadejada, fazendo com que alguns vivam confortavelmente os frutos do evangelho, mas poucos recursos adquiridos por meio desse comércio são aplicados em obras sociais; em projetos que atendam a menos favorecidos. A consequência é que o evangelho tem se tornado confortável para os que colhem os seus frutos, mas são poucos os que desejam realmente sofrer por ele. Quem dera se alguns desses pregadores adotassem o entendimento de Paulo: “de graça recebi; de graça dou”! Mas essa não é a nossa realidade.




Esse quadro todo representa um sacerdócio da letra morta. Têm-se ministros que se entregam a “moveres”, outros que mostram uma teologia plausível, mas pouca prática do amor. Grande maioria aquecida pelo frio vil metal.




De mesmo modo, majora-se a quantidade de músicos e cantores no mundo gospel que vive confortavelmente, com cachês expressivos. Novamente, percebe-se que pouco do que se ganha é aplicado em obras sociais. E quando isso é feito, parece que é apenas para desencargo de consciência, ou para tentar trazer uma aparência de piedade. Tempos estranhos são estes, não é mesmo? Com tudo isso, boas oportunidades de testemunho têm sido perdidas.




Se porventura, a igreja começar a viver o testemunho que se opera por altruísmo e caridade, provavelmente o quadro mudará. Não se pode chegar a uma igreja completamente pura, doutrinariamente falando, mas se pode caminhar nesse sentido, desde que observadas as obras do amor, a doutrina, a oração e a santidade.




No livro de Apocalipse temos o exemplo de sete igrejas, onde apenas duas são aprovadas por Deus (Ap 2 – 3). Sabendo que as características apresentadas ali se aplicam ao nosso tempo, citarei a título de exemplo, quatro dessas igrejas.




A primeira igreja apresentada é Éfeso. Conquanto esta igreja tenha sido elogiada por seu cuidado para com a doutrina, demonstrando forte conteúdo apologético no combate a falsos mestres, foi ainda assim exortada a retornar ao primeiro amor (Ap 2.1-7). Não seria esse o caso de inúmeros apologistas da atualidade que, apesar de demonstrar zelo para com a sã doutrina, pecam por não se mobilizarem em amor? Retorno às obras do amor é necessidade para a salvação. Como já demonstrado, a fé sem obras é morta. Sendo, pois, a fé essencial à justificação, a fé inoperante resulta em perdição.




A segunda igreja que citarei é a de Laodiceia (Ap 3.14-22). Vemos essa igreja adornada de prosperidade material. Uma igreja que se julga triunfalista e detentora de uma auto-suficiência aparentemente invejável. Mas a verdade é que não passa de uma comunidade desgraçada, pobre, cega e nua. É uma igreja que adotou um sincretismo tão perigoso que já perdeu sua característica essencial: ser sal e luz do mundo. Por esse motivo está a ponto de ser vomitada da boca de Deus. Essa igreja tem se adequado perfeitamente à nossa realidade. Triste verdade é essa...




Temos, a contra-senso, as igrejas de Esmirna e de Filadélfia. Esmirna é sofredora. Compõe-se de mártires dispostos a darem a própria vida pelo testemunho do evangelho. A sua pobreza material representa riqueza e peso de glória diante de Deus (2Co 4.17). De mesmo modo, a sua tribulação manifesta a sua fidelidade ao Senhor. É sofredora, disposta a prisões e mantém-se fiel até a morte, por isso, tem a garantia da coroa da vida.




Filadélfia, semelhantemente, demonstra paciência e zelo pela Palavra. Em coerência com o conselho do salmista, esta igreja guarda a palavra do Senhor em seu coração (Sl 119.11). Por esse motivo será resguardada do momento de tribulação que virá sobre toda a Terra. Que grande promessa é essa!




Sejamos como essas duas igrejas que apresentam um testemunho puro, santo e verdadeiro. Esse testemunho, sem palavras, responde aos confrontos e ataques do mundo. Esse testemunho revela o caráter precípuo do cristianismo: amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo! Glória ao nome do Senhor!

Nenhum comentário: