terça-feira, 14 de abril de 2009

Vida abundante: o refrigério para a alma - Parte 3


A sabedoria humana ou a sabedoria de Deus? (continuação)


A todos que leram a Parte 2, deste quadro que resolvemos publicar, observaram que a confusão mental gerada naquele personagem fictício que decidiu praticar o suicídio, advém do fundamento da sabedoria humana. A sabedoria humana, por sua vez, normalmente, é a junção entre a “filosofia do homem” e a “filosofia de satanás”. É dessa forma que Tiago expressa as características da sabedoria humana: “Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom trato as suas obras em mansidão de sabedoria. Mas, se tendes amarga inveja, e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica. Porque onde há inveja e espírito faccioso aí há perturbação e toda a obra perversa.” (Tg 3.13-16).

Tecidas tais considerações iniciais, daremos continuidade em nosso estudo para compreendermos mais acerca do tema proposto. Para isso, falaremos acerca da Lei do Mal.

Há uma lei interior que nos instiga a fazer o que Deus desaprova. Esta lei está ligada e é conseqüência da filosofia do engano e, somada à, da filosofia da morte.

Para entendermos melhor, é interessante lermos o seguinte texto:

(Romanos 7:17) - De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim.

Podemos perceber que o pecado habita. Desse modo o pecado não é um objeto. O pecado é um ser que habita dentro de nós. Um móvel, por exemplo, não habita. O ser habita, sim, este habita.

Significa dizer que existe um ser que habita em nosso interior e que tem prejudicado toda a nossa vida até o dia em que não recebemos, verdadeiramente, a nova vida em Cristo.

E este ser tem o poder de danificar a nossa alma; e está em contato direto com a filosofia do engano e com a filosofia humana. Este ser habita na nossa carne. Ele é a natureza pecaminosa e, conseqüentemente, é maligno. É a nossa carne, a nossa natureza afundada em pecados e ofensas. Em outras palavras, é a filosofia humana da morte aliada à filosofia do engano.

Decidimos, para fins didáticos, chamar a filosofia do homem de filosofia da morte; e a filosofia do de satanás de filosofia do engano. Mais a frente, perceberemos os motivos que nos levou a utilizarmos tal nomenclatura.

Veja que o maligno se vale da filosofia do engano para nos levar à filosofia da morte. A filosofia da morte significa: estar fora da dependência de Deus. Quando estamos fora da dependência de Deus a nossa vida interior se torna habitação de satanás. Ou seja, vale dizer que quando estamos Deus não está no domínio de nosso homem interior, somos, automaticamente, dominados por uma natureza pecaminosa vinculada à morte, e somos habitação de Satanás o qual nos aprisiona no engano. (Mt 12. 43-45)

A Palavra nos informa que o lugar de habitação de Satanás são as regiões celestiais:

(Efésios 6:12) - Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.

Aqui temos esta confirmação. A habitação de satanás é aquele que não tem o Espírito de Deus em sua vida. E esta habitação gera estragos na alma de todos nós. Perceba que todos nós, outrora, éramos “a habitação” do adversário. Mas agora somos habitação de Deus (1 Co 3.16). Entretanto precisamos que Deus nos reconstrua.

O inimigo nos induz, por meio do engano, a nos apoiarmos na filosofia da morte (carne). A filosofia da morte é a conseqüência do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gn 2.17).

Essa seqüência de textos “Vida abundante: refrigério para a alma” busca te conscientizar da tua necessidade de estar mais íntimo de Deus; para que o teu coração se abra para receber a revelação de Deus (1 Pe 1.10-16).

Quando coração humano está ferido, com mágoas, angústias e tristezas, não lhe é possível receber a revelação de Deus por completo. É necessário o homem se libertar por meio da Palavra (Jo 8.32; 17.17). O acesso à Palavra se dá por meio do conhecimento e da revelação (Mt 22.29).

Agora voltemos à origem:

(Gênesis 1:26) - E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra. (ênfase adicionada)

O homem foi criado, inicialmente, para dominar.

(Gênesis 2:7-10) - E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente. E plantou o Senhor Deus um jardim no éden, do lado oriental; e pôs ali o homem que tinha formado. E o Senhor Deus fez brotar da terra toda a árvore agradável à vista, e boa para comida; e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal. E saía um rio do Éden para regar o jardim; e dali se dividia e se tornava em quatro braços. (grifo meu)

A árvore da vida, podemos compreender hoje, como sendo, também, uma analogia à Palavra de Deus. O fruto é o caráter de Deus. O rio é o Espírito Santo de Deus que flui em todo aquele que bebe da fonte que emana de Cristo (Jo 4.10;14). Podemos, logicamente, concluir que:


* Quem não come da árvore da vida e não bebe do rio está morto.
* O homem caído não tem acesso a essa árvore, pois só por meio do Espírito é que recebemos a revelação (Jo 16.8);
* O homem caído é aquele que se rebelou, por meio da independência de Deus. Este homem achou que a filosofia da morte lhe era suficiente e lhe garantiria o atributo da onipotência, esquecendo-se que, fora de Cristo, não podemos nada fazer (Jo 15.5).
* Nós, interiormente, quando mortos, nos achamos, praticamente onipotentes; alimentados pelo ego, pensamos que existe Vida fora da dependência de Deus.


Por meio de Adão o pecado entrou no mundo (Rm 5.15; Gn 3.6). E todos nós, a partir daí, já nascemos com o germe do pecado:

(Salmos 51:5) - Eis que em iniqüidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe.

Quando Deus criou o homem, Ele o fez com a estrutura tripartite: corpo, alma e espírito (1Ts 5.23); para viver na Sua completa dependência. O adversário sabia que o homem foi criado para viver na dependência de Deus. Dessa forma, com a filosofia do engano, a serpente seduziu a Eva a experimentarem o fruto do conhecimento do bem e do mal, a qual deu a seu marido (1 Tm 2:14) e, a partir daí, o homem, fora da dependência de Deus, passa a tentar depender de si, e a conseqüência disso é a morte (Rm 6.23)

Eva, no momento que dá ouvido às argumentações do inimigo, vê sua mente sendo conduzida para a morte espiritual. Mas esta morte dependia da efetiva quebra da ordem Divina: comer do fruto.

A conseqüência de tudo isso é que o homem, que nasceu para depender de Deus, quando sai dessa dependência é semelhante ao peixe que decide viver fora da água. Deus é a água. Ou seja, você, distante de Deus, está morto.

A vida abundante é ter a vida de Deus dentro de você. É ter o Espírito de Deus habitando você. Quem crer e for batizado será salvo, mas, quem não crer, será condenado (Mc 16.16).

Jesus nos oferece duas salvações:

1) A salvação da morte eterna:

(João 6:47) - Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim tem a vida eterna.

2) A salvação da escravidão do pecado:


(Efésios 2:1-3) - E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência. Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também.

No Éden, quando o homem vivia na dependência de Deus, o espírito do homem estava, diretamente, ligado ao Espírito de Deus. Significa dizer que o espírito do homem era governado por Deus. Deus habitava o espírito do homem. Dessa forma, Deus governava o espírito humano; e o espírito humano governava a alma; e a alma governava o corpo. Em outras palavras, Deus estava no controle de tudo.

A partir do momento que o homem peca, Deus deixa de habitar no homem e o qual se torna habitação do adversário (Mt 12.43-45). Compreendamos um pouco mais acerca do homem como templo:


(Efésios 6:12) - Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.

Antes de tudo temos que entender que o homem é um templo. Este templo pode ser habitado pelo Espírito Santo (1Co 3.16), ou por satanás. A formação do templo, segundo o antigo testamento, era átrio, Santo Lugar e Santo dos Santos. O Santo Lugar e o Santo dos Santos é região celestial. Dessa forma, a habitação do inimigo é na mente do homem que não teme a Deus.

Sendo o homem habitação do adversário, o engano passa a fazer parte da natureza humana (Jo 8.42-44). Note que aquele que não recebeu a Cristo como seu único e suficiente Salvador, é, infelizmente, filho do diabo. Ou seja, o gene maligno faz parte de sua natureza. Este homem se vê enganado achando que a melhor opção é a independência de Deus: o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal.

Agora, eu te pergunto: Este ser, o adversário, vai conduzi-lo ao que é correto?

(João 10:10) - O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir;

Dessa forma, toda a influência do inimigo na tua vida é para matar, roubar e destruir. Ele te conduz para uma vida de desgraça.

O diabo consegue, no homem que está morto, tirar o foco do que é Eterno. Ele conduz o homem à separação e convence o homem de que a morte é uma excelente opção. É o que percebemos na história daquele personagem fictício, descrita na Parte 2 (clique sobre o texto sublinhado para ler), deste estudo. Observe ainda, que o mundo está dessa maneira; a maioria das pessoas ainda não chegou à compreensão do que é Eterno.

O que eu considero interessante é que a serpente, no Éden, não habitava o espírito humano, mas tinha acesso à alma humana. Ela seduziu a mulher por meio do intelecto. E ainda hoje, mesmo para quem já recebeu o Espírito de Deus, o adversário continua buscando acesso à alma humana; e às vezes consegue.

Por isso existe aquele entrave interior na vida de Paulo, do qual nós citamos no início. É aí que devemos ter cuidado.

Vamos entender um pouco do fruto do conhecimento da ciência do bem e do mal, o qual ainda nos está à disposição:

(Gênesis 3:6) - E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela.

Ainda hoje somos alcançados por essa aparência do que é bom. Eva, seduzida pela filosofia do engano, viu que a aparência da árvore era boa, mas a essência daquela perigosa árvore era má. Ainda hoje, para nós que somos salvos, o inimigo apresenta o pecado como aparentemente bom. Tal como o inimigo despertou em Eva o interesse pelo pecado, dizendo que a mesma poderia confiar em sua auto-suficiência, uma vez que seria “como Deus” (Gn 3.5), hoje, a “Antiga Serpente”, continua a nos enganar, por meio do mesmo mecanismo. Entretanto, o pecado é, essencialmente, mal, e o salário, ou seja, a conseqüência do pecado é a morte (Rm 6.23).

Compreenda que o adversário atua nas nossas mentes, conduzindo os nossos sentidos para o que é essencialmente mau, mas aparentemente bom.

Por conseguinte, façamos uma leitura do seguinte texto:

(Romanos 7:1-3) - Não sabeis vós, irmãos (pois que falo aos que sabem a lei), que a lei tem domínio sobre o homem por todo o tempo que vive? Porque a mulher que está sujeita ao marido, enquanto ele viver, está-lhe ligada pela lei; mas, morto o marido, está livre da lei do marido. De sorte que, vivendo o marido, será chamada adúltera se for de outro marido; mas, morto o marido, livre está da lei, e assim não será adúltera, se for de outro marido.

A mulher é a alma (mente) humana. O marido é o símbolo de autoridade; neste caso, o vínculo com a “natureza pecaminosa” ou com Deus. Dessa forma, uma vez que o marido (natureza pecaminosa) morre, a alma está livre para se entrelaçar com outro marido (Espírito Santo). Deus não se relaciona com a alma que tem por marido a carne, pois Deus é puro e não comete pecado. Se assim o fosse, estaríamos cometendo adultério com Deus.

Enquanto o homem não é sepultado no batismo, ou seja, o primeiro marido (carne) morre, e a autoridade passa a ser de Deus, a alma não se vê liberada a viver com intensidade; a viver a Vida Abundante.

O diabo é engano (Jo 8.44). O engano é escravidão. A Verdade nos liberta (Jo 8.32). O conhecimento da verdade nos tira da ignorância, mas não nos livra do desejo de pecar, visto que o homem, mesmo conhecedor da Verdade, sente o desejo pelo pecado (1Jo 2.1). A vivência da Verdade é que te liberta, pois faz morrer a tua carne que te apresenta uma verdade aparente, e te leva à Verdade essencial e absoluta, que é Cristo (Jo 4.6).

Para sarar a alma você precisa tirar a velha natureza do seu ser, e isso se dá por meio da regeneração. Aquele que crer e for batizado será salvo.

(João 3:5) - Jesus respondeu: na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de deus.

Você precisa se arrepender dos seus pecados e se batizar nas águas. O que tem te impedido? Você quer o novo nascimento? Você quer ser habitação do Espírito Santo? Você quer ser regenerado? (voltar à sua forma original). Creia em Jesus e seja batizado. É a partir daí que se inicia o processo de santificação que traz refrigério para a sua alma. A partir do novo nascimento é que começa a verdadeira cura interior. E este processo vai perdurar por toda uma vida. O teu espírito precisa ser regenerado.

Restauração é um processo diferente da regeneração. A tua alma precisa ser restaurada. Tua alma não é regenerada tal como o teu espírito. Tudo de ruim que o inimigo produziu enquanto habitava no ser interior do homem é que é o problema. Você recebe a regeneração de graça. Mas a restauração se dá por meio da vivência do evangelho da cruz (Lc 9.23). A tua alma precisa ser restaurada.

O que refrigera a nossa alma é o Espírito Santo agindo junto com a Palavra.

(Salmos 19:7) - A lei do senhor é perfeita, e refrigera a alma; (ênfase adicionada)

A palavra do Senhor é que restaura a alma, transformando todo o nosso entendimento (Rm 12.2). Perceba que você é o que você pensa:

(Provérbios 23:7) - Porque, como imaginou no seu coração, assim é ele. Come e bebe, te disse ele; porém o seu coração não está contigo.

Se a palavra de Deus está na sua mente, você será à imagem e semelhança de Deus. Para a carne, contudo, não tem restauração. Ela vai pro pó. Caso não participemos do arrebatamento enquanto ainda vivos, todos nós morreremos (1Co 15.51).

Finalizaremos hoje, esta seqüência de estudos. Entendemos um pouco acerca da filosofia da morte (fruto da árvore da ciência do bem e do mal) e da filosofia do engano, que é a essência da sabedoria humana. Logo mais, discorreremos acerca deste processo de santificação, que resultará na experiência da Vida Abundante que Cristo nos prometeu.

Não perca os próximos estudos!

Leia também a Parte 1 e Parte 2, dessa seqüência de estudos bíblicos.


Jordanny Silva
http://jordannyblog.blogspot.com/

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Vida abundante: o refrigério para a alma - Parte 2


Para ler a introdução ao tema clique AQUI!
A sabedoria humana ou a Sabedoria de Deus?


Antes de iniciar a seqüência de estudos que versam sobre o tema aqui proposto, gostaria que você se dedicasse à leitura e reflexão do texto "A morte decretada pela vida", abaixo consignado. Trata-se de um exemplo do homem que tem como fundamento a sabedoria humana. Raciocine um pouco em cima da "loucura" vivenciada por este personagem fictício e conclua, consigo mesmo, se a filosofia do homem realmente é valiosa e conduz à felicidade.


"A morte decretada pela vida"


- A vida não deixa de ser incrível apesar da forma que se apresenta para cada um de nós - pensava ele tentando se convencer disso. Mas parecia estar distante de como realmente se apresentava a vida perante os seus olhos. Ora, não era ele belo para os padrões ditados por uma minoria que dominava e manipulava o entendimento da maioria. Não era esperto para os mesmos padrões, tampouco, simpático; muito menos atraente. Sentia-se à margem. Não conseguia conexão com as outras pessoas. Não se via alienado, mas se sentia alienígena. De que adiantou todo o conhecimento que buscara? O saber aparentava-se mais a um dedo que é colocado diretamente em sua ferida. O saber o incomodava. O saber o entristecia. Ele não se utilizava do saber para criticar as coisas ou pessoas; achava mais sustentação na análise sugestiva – a crítica é sagaz e destruidora, já a análise enfoca também o problema e a sugestão aponta uma possibilidade de melhoria. E assim vivia, de observar e analisar tudo que estava a sua volta; de sofrer com a maldade que se erguia diante dos seus olhos; de chorar com o acaso e viver as conseqüências daquilo que é inevitável; de conviver com a solidão. Confronto era a natureza de sua alma. Desespero era seu estado constante. Enlouquecia a cada dia mais. Havia muito mais para se conhecer, e quanto mais crescia em saber mais se afastava da felicidade. Aliás, o que seria felicidade? É o primeiro questionamento que se deve responder para depois partir a sua procura. Percebia, ele, que tudo que se toca, tudo que se cheira, tudo que se saboreia, tudo que se ouve, tudo que se vê, de fato, é injustiça. Mas continuava no torturante caminho do saber; continuava na sofrida jornada da vida...

Mas, o que há de mais atrativo na vida não seria a imprevisão? Não ter o controle do futuro e nem conhecê-lo era, ao mesmo tempo, angustiante e instigante. Contudo, todos os dias aparentavam-se iguais. Sufocado pela monotonia. Afogado no sedentarismo e no descontentamento. Nada se apresentava de novo. Era tudo sempre a mesma coisa: infelicidade. Ele sentia como se estivesse andando em círculos. Então, por que continuar na caminhada da vida? Aquela angústia poderia cessar ali. Ele tinha o poder de dar um fim em tudo. Ora, o livre arbítrio parece ser o maior dom, mas também o maior castigo dado ao homem. Apesar de se conceber que o livre arbítrio não é tão livre quanto parece. Não obstante, todas as suas escolhas aparentemente eram viciadas. Determinadas pela impetuosa lei da ação e reação. O que ele fazia advinha de algo que lhe foi feito. Desse modo, mesmo a decisão de deixar a vida lhe aparentava ser uma afronta a sua liberdade de escolha. Se pudesse realmente escolher, construiria um novo mundo que pudesse lhe fazer feliz. Contudo, seu poder estava distante disso. Primeiramente, por não saber o que realmente seria a felicidade. Segundo, por estar diante de sua impotente insignificância. Tinha, portanto, uma pouca gama de poder, mas que lhe parecia estar sobrecarregada pelo fardo da responsabilidade. Mas uma decisão tinha que ser tomada. Seria a hora de dar um basta?

A morte lhe era, ao mesmo tempo, repugnante e atraente. Na verdade muito se aproximava da sua idéia de vida. A morte era incompreensível ou, pelo menos, incompreendida. Era assustadora, mas se revelava como uma espécie de saída. Atingia diretamente o seu entendimento acerca do fim. Entretanto, ele notava que cada vez menos compreendia o que seria o fim. Ao mesmo tempo a morte, para sua razão, aparentava ser uma parte da vida. Sendo então, a morte, um dos elementos da vida, a vida não poderia subsistir sem a morte? Quando se come carne, por exemplo, ali não se está diante da morte de um animal irracional? E a alimentação não existe para permitir a continuidade da vida? Logo, dependeria a vida da morte? A vida, a morte, o fim: tudo isso lhe intrigava; tudo isso lhe irritava. – Quer saber? – pensava ele – devo experimentá-la. Ao menos minha dúvida será sanada. Ou, então, serei lançado na escuridão da inconsciência. Já distante das angústias. Já distante das tristezas. Mas também distante de encontrar a felicidade – Contudo, mesmo o fato de ser abandonado pela consciência e de se lançar no nada, inquietava-lhe; afligia-lhe. Novamente se via diante de uma situação desesperadora. Em uma coisa acreditava intensamente: o destino da vida é a morte. Não obstante, todos os que vivem caminham em direção à morte. Logo, por que não chegar ao objetivo último, e depressa? Se a finalidade da vida é realmente a morte, seria esta última a resposta às incógnitas daquela?

Uma decisão normalmente é baseada em um juízo de valor. Pelo menos assim é feito pelos que se acham sensatos. Ao decidir, o bem e o mal são colocados em uma espécie de balança. Isso, aparentemente torna mais fácil o processo de escolha. Ora, o homem se vê, quase sempre, obrigado a optar pelo bem ou, pelo menos, pelo que lhe é, aparentemente, melhor. Entretanto, e se nem todo o bem e nem todo o mal estiver ao alcance das mãos, ou dos sentidos, a fim de serem inseridos nessa gangorra? Significa que a decisão é mal tomada? E como alcançar uma plena convicção de que todos os prós e os contras foram devidamente pesados? Não é o homem, já de plano, limitado por sentidos que o aprisionam e o afastam da essência da verdade? Seria mais fácil então conceber-se que toda verdade é relativa? Logo, estaríamos “Além do bem e do mal”. Porém, não é tão fácil assim. E a escolha novamente se revela o maior desafio do homem. Por isso há que se afirmar, novamente, que o mais intenso castigo do homem é o livre arbítrio, ainda que este não seja tão livre. Naquele instante, mesmo diante dos riscos, instrumentou-se com a técnica do “juízo de valor”, e iniciou-se nas medidas. Pesava os prós e os contras da vida. Pesava os prós e os contras da morte. Depois em uma única balança: de um lado a vida; do outro a morte; depositadas todas as conclusões, notou que estavam completamente iguais. Não se pendia nem para um lado nem para o outro. Isso, aparentemente, facilitava sua escolha: qualquer uma das opções é boa!... Ou ruim! Ora, havia na vida algo desafiador: a imprevisão. Mas o havia também na morte: o desconhecido. Não é a imprevisão e o desconhecido a mesma coisa? O óbvio lhe enganava por intermédio da aparência respondendo positivamente à indagação. Entretanto, a razão lhe remetia a pensar nas peculiaridades contidas em cada uma daquelas palavras: a imprevisão pode estar repleta de fatos já conhecidos, mas inesperados; porém, existe, nela, a possibilidade de estar presente o desconhecido. Diante disso, a vida seria a melhor escolha. Mas, o ponto de partida para se cogitar a morte foi a mesmice em que sua vida se encontrava. Tudo era sempre igual e conhecido. O desconhecido, apesar de paradoxal à presente narração, revelava-se distante da vida. Em contrapartida via-se, o incógnito, presente na morte. Então, decidiu pelo caminho da morte. Ora, apesar de desconfortante, era desafiador! Não era uma questão de coragem ou covardia. Era, em sua concepção, tão somente, acelerar o inevitável. A propósito, se o sentido da vida estivesse na morte, seu caminho seria percorrido por completo. O que lhe confortava, logo, era uma sensação de “missão cumprida”.

Novamente se via diante de uma situação de escolha. Por que a escolha foi colocada como uma sombra que acompanha o homem em toda a sua vida? A escolha era um espinho na carne. Era um sinal de que a sua consciência deveria ser respeitada, mesmo que esta fosse falha. Mas, enfim, a grande questão que se levantava era: como fazer? Como escolher o modo de deixar a vida? Ora, pode aparentar-se tola esta questão, mas, quando se percebe que grandes sensações estão em jogo, o quadro se reverte por completo. A dor, por exemplo, é algo que se deve relevar. Se a morte é dolorosa, pode, então, não se revelar a melhor saída para vida. A não ser que se aproveite a experiência conquistada com a sensação da dor a fim de acrescentá-la ao conhecimento. Mas de que valerá o conhecimento após a morte, se existe a possibilidade de ser-se inserido na eterna escuridão, na ausência do pensamento? Desse modo, lhe parecia mais interessante uma morte pouco dolorosa. Afinal, era por conta das dores que sofria em seu íntimo, em vida, que ele optou pela morte. Passou então à escolha. Levantou diversas formas, variados instrumentos, e muitas hipóteses de como daria cabo de sua vida. Era deprimente pensar em seu fim. Queria por muitas vezes desistir da decisão de morrer. Mas lembrava que já havia passado por um fatigante processo que o levou para esta opção. Desse modo, via-se determinado a fazê-lo.

Um instrumento é algo que desperta interesse enquanto este se apresenta necessário e útil. A necessidade baseia-se na imprescindibilidade, ou seja: sem aquele elemento não há como se chegar ao objetivo desejado. Já a utilidade relaciona-se com a precisão; com a eficiência do objeto. Também está ligada à idéia de conforto. Ora, pensar na morte já era desconfortante. Logo, era importante buscar um instrumento que gerasse mais alívio no ato de tirar a própria vida. Onde e como encontrar um instrumento útil e necessário? Uma arma de fogo lhe veio à mente como sendo o objeto perfeito, quando relacionado à minoração da dor. Contudo, é muito horripilante, e até nojento, o estrago que deixa no lugar onde é acionada. Por conseguinte, lembrou-se da morte de alguns personagens históricos. Logo, pensou: - A morte, advinda de um suicídio, deveria ser poética. Apenas tirar a vida e deixar as sujeiras físicas para serem recolhidas lhe parecia deselegante. Ora, um dos personagens que ele mais admirava foi condenado à morte e de posse do dever de seguir as instruções da “Res” pública que tanto defendeu, valeu-se da cicuta para adentrar no eterno inconsciente. De mesmo modo, mesmo que fictamente, a obra shakespeareana, apresenta uma morte poética, adocicada com amor, instinto e paixão. O suicídio, mesmo que advindo de um lamentável engano do jovem Romeu e, em seguida, da bela Julieta, foi admirado e aplaudido por muitos. Porém, o que ele entendia acerca do amor? Para ele era o amor a presença inconseqüente da irracionalidade, ou até mesmo da insanidade; uma loucura sem precedentes que levava o homem a reagir fora dos padrões normais. Mesmo sendo favorável ao portar-se fora da normalidade (aliás, sentia-se um alienígena inserido e isolado no meio da humanidade), criticava o amor como sendo um comportamento antinatural, porém (e até ironicamente) recebido com naturalidade pelo homem. Por isso, o amor estava além da razão e da sanidade. Entretanto, já não confiando e não conhecendo o amor, como ter sensibilidade para buscar uma morte poética? Pensava ele incessantemente. Decidiu, então, envenenar-se tal como o mestre Sócrates. Sócrates, contudo, foi condenado à morte. Teoricamente não era um suicídio. A cicuta era a sua pena. E, apesar de a morte ser a mais ultrajante condenação prolatada a um homem, para Sócrates, aceitar este destino era menos doloroso, e mais honroso, que suportar o fardo que viria a carregar caso opta-se pela sua fuga. Nisso, talvez, ele encontrava semelhança com o filósofo condenado. A vida lhe havia colocado no lugar da República. Ele (o personagem desta história), por sua vez, sempre defendeu a vida veementemente. Por isso, por sua luta pela vida, via-se isolado, entristecido e castigado. Não obstante, a própria vida lhe empurrou o destino da morte. A vida, que ele tanto admirava, prolatou a sentença. A cicuta, para ele, então, revelava-se como um dever, uma sanção inevitável e corroborada pelos seus princípios.


Alguns dias mais tarde já havia, ele, preparado a dose correta, letal. Já é desconfortante a sensação de despedida. Quando, então, há consciência de que não haverá mais volta, a dor se multiplica imensuravelmente. Mas queria ele, deixar algo registrado antes de partir. Olhou para o frasco que continha o líquido mortal, e recordou-se das feridas que havia em seu interior. Lágrimas escorriam em seu rosto. O gosto salgado alcançou seu paladar. Um choro sufocado durante anos de repente brotou como uma represa que rompe. Não se conteve, caiu ao chão prostrado. Suas angústias eram reveladas pelo o estado deplorável em que se encontrava. De que adiantou todo o seu saber? Uma vida vã, desperdiçada com coisas banais e fúteis. Percebia, naquele instante, o quão inútil era todo o conhecimento que adquirira. Lembrava-se dos seus erros. Recordava as oportunidades que havia perdido. Arrependia-se por não ter dado importância ao que verdadeiramente era importante. Tomou em suas mãos o frasco e o abriu. Aquela dor, aquela aflição acabaria ali. Ingeriu até a última gota e aguardou o efeito. Em instantes já se via desfalecendo. A dor física, logo em seguida, tomou-lhe intensamente. O frio, a sede e o desespero de não encontrar ar suficiente para que enchesse seus pulmões. Aqueles minutos eternizaram-se. Segurou com força um pedaço de papel que continha seus últimos ditos e o amassou com uma força inexplicável. Seu corpo não queria morrer. Seu espírito também não. A sua fome por vida, paradoxalmente, lhe conduziu para a morte. Em seguida sentiu-se adentrando nas trevas do inconsciente. Seu fim fora realmente decretado?


Neste momento, gostaria de perguntar: qual a sua conclusão inicial acerca da sabedoria humana?


Não deixe de acompanhar as ministrações seguintes!


Jordanny Silva

Vida abundante: o refrigério para a alma - Parte 1


Caros leitores,


Os males de cunho emocional e psíquico têm se alastrado por grande parte da sociedade moderna. É comum vermos pessoas deprimidas ou com algum tipo de estresse. A maioria delas não consegue perceber as conseqüências desastrosas destas questões no meio da sociedade e, por isso, deixa de lado uma busca pela solução da problemática.

Para se ter uma idéia da grandeza do problema, segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 3.000 (três mil) pessoas se suicidam por dia. Ainda, segundo tal pesquisa, em média, para cada pessoa que consuma o suicídio existem vinte que tentaram. Ou seja, diariamente nós temos 60.000 pessoas tentando suicídio com mais 3.000 consumados. Seguindo essa estimativa, nós termos, a cada 2 segundos, uma tentativa de suicídio; e a cada 29 segundos, um suicídio consumado no mundo.

Buscando solução para o problema, a psicologia tem publicado diversas idéias e teses que tentam explicar de vários pontos de vista os motivos para a depressão, traumas, angústias. Não obstante, há, a cada dia que passa, mais teólogos envolvidos com o estudo da psicologia, buscando aplicar algumas de suas técnicas no seio da igreja a fim de se obter uma melhora nesse quadro. Nesse sentido, percebe-se, dentro das livrarias evangélicas, o crescimento de vendas e de procura por livros de auto-ajuda.

O que muitos não têm percebido, é que a solução não está na psicologia segundo o conhecimento humano, mas sim da psicologia segundo o conhecimento de Deus. Percebemos livros de auto-ajuda, mas não vemos as pessoas buscando a ajuda do alto. Enquanto a psicologia moderna aposta na potencialidade do homem para a resolução de seus conflitos e traumas interiores, a Palavra de Deus nos chama a viver sob a dependência total de Deus.

É sob esta ótica que daremos início a uma seqüência de ministrações. Com base nas Escrituras Sagradas, aprendemos a como lidar com problemas de cunho emocional, percorrendo desde sua a origem e apontando uma solução prática.

O nosso desafio é aprender/falando do Caminho para a solução da problemática. Praticar estes ensinamentos caberá a cada um que, pacientemente, se dedicar a leitura dos textos que serão postados em seqüência. Cremos, porém, que o Senhor nos dará forças para vivermos, ainda neste mundo, apesar de todas as aflições, uma boa medida da vida abundante que Jesus Cristo nos prometeu.

Para isso nós iniciaremos toda a sequência de ministrações com um texto que revela o conteúdo mortal inserido na sabedoria humana. Leiam com atenção e que o Senhor nos revele, por meio de Seu Espírito, mais um pouco de Sua infinita sabedoria!


Para iniciar o estudo clique no texto abaixo:




Um grande abraço, bons estudos e a paz do Senhor a todos!


Jordanny Silva