sexta-feira, 23 de abril de 2010

Análise do "Encontro": é tremendo! - Parte 7d


Chamando à Existência as Coisas Positivas?

Uma parte interessante da apostila do Encontro, traz as seguintes informações:

Deve-se chamar à existência o oposto: Prostituição - Santidade (1 Pe. 1:14-16); Ódio - Amor (Rm. 13:8); Rebeldia - Submissão (Fl. 2:5-8); Mentira - Verdade (Ef. 4:25). Chame à existência a libertação.

Os mestres da confissão positiva ensinam que a fé é uma espécie de força que é suficiente para criar o que não existe. Na verdade, tais mestres chegam a afirmar que Deus criou todo o mundo por meio da fé. Segundo tal ensino, Deus é um Deus de fé. Certa vez Kenneth Hagin, um dos grandes precursores do movimento da “Fé na fé”, fazendo referência ao evangelho de Marcos, capítulo 11, verso 22, chega a falar da fé de Deus. Ele ainda utiliza o texto de Hebreus 11, verso 3, para afirmar que o mundo foi criado pela fé. Mas é este o sentido real da fé? A fé é uma força que está a nosso dispor, dando-nos o poder de trazer a existência o que não existe? Vejamos o que a palavra de Deus nos informa nestes dois textos citados como base para a doutrina da “Confissão Positiva”:

(Mc 11.22) - E Jesus, respondendo, disse-lhes: Tende fé em Deus;
(Hb 11.3) - Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente. (Grifo nosso)

Na verdade, uma simples leitura destes dois textos já revela o equívoco doutrinário trazido por meio de tal teologia. Jesus não nos ordena a termos a fé de Deus, mas sim a termos fé em Deus. Deus é um ser que não precisa da fé. Todo o mundo foi criado pelo poder da Palavra (Verbo), e não pelo poder da fé (Jo 1.1-3). A fé não tem poder em si mesma. Acho incrível ao assistir programas de televisão que trazem o seguinte jargão: “O poder sobrenatural da fé”. A fé em si mesma não tem poder algum. Deus é todo poderoso. Todo o poder foi submetido a Cristo, verdadeiro homem e verdadeiro Deus (Mt 28.18). A Bíblia não atribui poder algum à fé.

Alguns podem até argumentar que o próprio Cristo, em diversos textos da Escritura Sagrada, diz “a tua fé te salvou” (Mt 9.22; Mc 5.34; 10.52; Lc 8.48; 17.19; 18.42 etc). Entretanto, o simples fato de Ele mesmo ter dito “Tende fé em Deus”, corrobora que o agente de salvação da pessoa foi a confiança total e absoluta no Deus Todo-Poderoso. A fé não move montanhas; Deus, em quem depositamos nossa total confiança, é quem move a montanha e o faz independentemente da fé. Deus não precisa da fé, quem precisa de fé somos nós. E Deus espera que a nossa fé seja aprovada por Ele (Tg 1.3). Aliás, sem fé é impossível agradá-lO (Hb 11.6).

Ainda no texto de Hebreus 11, verso 3, percebemos que não foi a fé que trouxe à existência os mundos, mas sim a Palavra. Pela fé nós cremos que os mundos, pela Palavra, foram criados. Logo, existe um poder sobrenatural na fé? Não o poder está em Deus. A fé não uma força “Jedi” que movimenta objetos sobrenaturalmente. Mas a fé é necessária na vida do crente, pois é por meio dela que estabelecemos um relacionamento profundo com o Deus criador dos céus e da Terra, mesmo não O vendo.

Diante disso, eu tenho o poder de chamar a existência o oposto do que está acontecendo na minha vida? Na verdade, a técnica de se chamar a existência o que não existe, baseia-se na visualização, a qual está presente na mais profunda feitiçaria. Isso mesmo! A feitiçaria profunda é que trouxe tais técnicas que remetem o poder à imaginação do homem, pelo qual qualquer coisa pode ser criada. Qualquer um pode compreender a utilização de tais técnicas pelo famoso livro The secret (O segredo), que retrata a Lei da Atração. Onde por meio de um exercício mental nós podemos controlar todo o universo. Isso é uma forma de atribuir demasiado poder à fé. Tal ensinamento é anti-bíblico, uma vez que não podemos confiar na nossa fé, mas sim em Deus.

Tais ensinamentos baseiam-se nas teologias panteístas e da imanência. E também na doutrina que afirma que os homens são pequenos deuses nessa terra. Quanto a estes temas, não me aprofundarei no presente trabalho, visto não ser o objeto do mesmo. Mas posso afirma com convicção, por meio da Palavra da Verdade, que são todas doutrinas falsas e que ferem a autoridade de Deus.

Outro texto também muito utilizado pelos mestres da confissão positiva, mais específico para toda esta questão é o seguinte:

(Rm 4.17) - (Como está escrito: Por pai de muitas nações te constituí) perante aquele no qual creu, a saber, Deus, o qual vivifica os mortos, e chama as coisas que não são como se já fossem.

Vemos que o poder de chamar a existência o que não existe como se já existisse, reside em Deus. Não foi no poder da fé que Abraão creu. Abraão depositou toda a sua fé em Deus, o qual tem o poder de chamar as coisas que não são como se já fossem. Não há, pois, um poder sobrenatural na nossa fé por meio de uma confissão positiva (onde eu digo positivamente algo para que isto aconteça), mas em Deus reside todo o poder, toda autoridade, soberania e domínio. A fé em Deus é corroborada em Abraão quando nós lemos em Hebreus 11, versos 17 e 18, o seguinte:

“Pela fé ofereceu Abraão a Isaque, quando foi provado; sim, aquele que recebera as promessas ofereceu o seu unigênito. Sendo-lhe dito: Em Isaque será chamada a tua descendência, considerou que Deus era poderoso para até dentre os mortos o ressuscitar;”

Abraão, claramente, considera o poder de Deus e não a sua fé, para oferecer o seu filho como sacrifício. Desse modo, conclui-se que a fé não tem um poder sobrenatural de trazer à existência o oposto do que nós estamos vivendo. Aliás, não existe base bíblica alguma para assim agirmos, a não ser que venhamos a descontextualizar ou mesmo, modificar textos bíblicos a fim de adequá-los a nossa interpretação; Deus tem esse poder! Nesse sentido, gosto sempre de lembrar que a Palavra não nos permite uma interpretação subjetiva, ou seja, particular, mas sim uma interpretação objetiva, segundo a revelação e em submissão à vontade de Deus (2Pe 1.20).

Considerações Finais acerca do tema Libertação

Diante de todo o exposto, percebemos que uma verdadeira libertação não acompanha muitos dos princípios apontados pela apostila, dentre os quais nós podemos citar:

- Arrepender-se do pecado cometido por si próprio ou por seus antepassados.
- Não ter medo do processo de libertação - o medo amarra você, impedindo a sua libertação (2Tm. 1:7; 1 Jo 4:4).
- Lembrar dos pactos e qualquer nível de envolvimento com o pecado e rejeitá-los.

Tais princípios trazem terríveis equívocos, pelos quais já foram apontados. Quanto à necessidade de arrependimento pelos pecados, isso é necessário; é uma doutrina bíblica, conforme já explicitado. Mas se arrepender pelos seus antepassados para que seja liberto? Cristo já levou sobre si as nossas iniqüidades e todas as nossas maldições. E também não há porque ficar rejeitando pecados. Submeta-se a cruz! Nós não devemos ter uma relação de rejeição para com o pecado. Na verdade, já estamos mortos para o pecado; isso é muito mais profundo que uma simples rejeição.

Compreendidas tais proposições, passemos a analisar a ministração seguinte do Encontro.

Um comentário:

Tatiana Vasco disse...

Paz, irmão! Recebi seu comentário. Obrigada! Já te visitei, como vês, e me tornei tua seguidora. A noite vou sentar e prestigiar seu blog com calma!
Deus abençoe!