Capítulo 5 – As
ilusões e os embaraços da vida.
Após trazer uma definição exata do
conceito de fé, consignando exemplos inesquecíveis num rol sublime de heróis da
fé, sabiamente nos advertiu o escritor aos Hebreus:
PORTANTO nós também, pois que estamos rodeados de
uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos
todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com
paciência a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e
consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a
cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus. (Hb
12.1-2) [Ênfase adicionada]
O propósito de se tratar, num mesmo
capítulo, das ilusões e dos embaraços da vida, respalda-se no fato de que todo tipo
de entrave, embaraço, frustração ou mesmo, desejo vão que atinge os nossos
corações, têm como escopo algum tipo de ilusão. A ilusão é, por natureza,
viciosa. Ela traz consigo a obcecação. E o que é a obcecação? É uma visão
turva, dissonante da verdade. O obcecado é aquele indivíduo que está rendido à
cegueira. Ele acredita que pode ver, mas está cego. No livro de Apocalipse, a
carta endereçada à igreja de Laodiceia aponta para esse problema:
Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada
tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e
nu; (Ap 3.17)
A obcecação, a nível espiritual,
acontece quando não conseguimos mais enxergar o que tem valor espiritual, e
passamos a nos firmar no que é passageiro. O cristão é convidado a ser um
visionário. Isso mesmo! A nossa visão não está condicionada aos limites dessa
existência horizontal; desse mundo simplesmente palpável. Qualquer manifestação
de fé que supervaloriza as questões materiais é falha e representa uma forma de
obcecação.
Veja que a igreja de Laodiceia assim
se afirmava: “Eu sou riquíssima! Estou cercada de prosperidade! A minha
teologia é cheia do glamour materialista! Sou reconhecida pela grandeza dos
meus templos e pelas contas bancárias de meus membros!” A resposta a essa visão
aproximada da teologia da prosperidade foi a seguinte: “Você na verdade está
privada da autêntica Graça de nosso Senhor Jesus. Isso porque a sua miséria se
expressa na própria natureza daquilo em que se fundamenta a sua fé e a sua
confiança, que são as riquezas perecíveis dessa vida. Assim, você, na verdade,
experimenta uma pobreza interior ímpar, por conta da soberba de suas palavras.
Está cega, limitada e fadada à fronteira da diminuta e passageira glória
manifesta nessa temporalidade vã!”.
Uma vida um tanto confortável ao
padrão humano, pode ser uma vida de extrema miséria espiritual. Por esse motivo
há tantos cristãos que não estão preparados para o momento de dor. Qualquer
sofrimento que a vida lhe impinge já é suficiente para colocar em cheque a sua
fé, fazendo que duvidem do próprio Deus. A consequência é uma escancarada
impiedade e incredulidade, mesmo diante de sinais fantásticos da presença de
Deus.
E como esses crentes materialistas
normalmente respondem ao momento de tribulação, ao deserto que precisam
enfrentar? Muitos têm respondido com a apostasia, com o abandono da fé.
Entretanto, qual seria o segredo
para ter uma fé genuína e inabalável? O texto que introduz este capítulo nos
informa: Deixar os embaraços e o pecado e olhar para Jesus, Autor e Consumador
da fé. Isso parece ser simples, mas muitos não entendem o que significa olhar
para Jesus. O que se tem visto na atualidade é que muitos não têm olhado para o
Cristo verdadeiro; antes têm olhado para um arquétipo baseado nas especificidades
desse mundo perdido; ou mesmo para aquilo que a religião pinta como sendo o
Cristo, e, assim, as expectativas são facilmente frustradas. Nisso se baseia a
grande ilusão.
A grande verdade é que, quando um
Cristo falso é apresentado ao coração humano, automaticamente, a fé daquela
pessoa não passa de uma falácia; de um engano terrível. Contudo, quando o
verdadeiro Cristo é apresentado e recebido na vida de alguém, a fé aceita se
faz firme e floresce mesmo no mais inóspito deserto. Porém, qual é o Cristo
verdadeiro?
O verdadeiro
Cristo.
Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o
qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a
afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus. (Hb 12.2)
A primeira característica de Jesus
descrita pelo escritor aos Hebreus nos informa que Ele é o Autor e Consumador
da fé. Isso revela a Sua soberania, inclusive, em relação ao fato de que uma
pessoa só alcança a confiança nEle por meio de Sua vontade. É Ele que nos
escolhe e não o contrário (Jo 15.16). É Ele que nos ama antes, para que assim
nós O amemos (1Jo 4.19). Dessa forma, é Cristo que produz e dá início ao
caminho de fé traçado pelo coração humano e, também, é quem o conduz ao fim
deste glorioso caminho (Fp 1.6).
E por onde esse caminho de fé passa?
Esse não será diferente do caminho de nosso Mestre. Esse caminho passa pela
alegria da perfeita, agradável e boa vontade de Deus (Rm 12.2) que nos
apresenta a cruz como escolha, anseio e necessidade para que se alcance a vida
eterna (Lc 9.23). A cruz e as provações precisam ser motivo de grande alegria para
cristão.
Mas o verdadeiro Cristo não foi
derrotado pela Cruz. Pelo contrário, Ele alcançou vitória por meio da Cruz e
demonstra isso plenamente no fato de Sua ressurreição. A ressurreição deve ser
um dos fundamentos da fé cristã, pois sem esta toda a nossa fé se faz vã (1Co
15.14). E para a Sua glória, Ele está assentado à destra do Trono de Deus.
Glória a Deus!
Olhe para Jesus consciente de que a cruz
é um instrumento de glória na vida de todos aqueles que O amam, mas também
consciente de que Ele é soberano e está assentado à direita de nosso amado
Deus. Tenha convicção que Ele, que deu início à nossa fé, é fiel para completar
a obra e consumá-la em nossas vidas! Glória ao nome de Jesus!
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