Não sou contra a cura interior em si mesma. Pelo contrário, é notório que todos nós precisamos ser tratados em nosso interior. Entretanto, o que me preocupa são as técnicas de cura interior utilizadas pela psicologia. Muitos dos ensinos de psicologia têm sido absorvidos pelos cristãos como verdades bíblicas. O estudo da psicologia tem crescido em nossos dias. Isso se dá por vários motivos. Percebemos, por exemplo, que o número de pessoas que sofre de depressão e de outras doenças de cunho psicológico tem aumentado significantemente em nossa época.
Acho incrível que o estudo da psicologia, atualmente, é abordado como ciência. Mas a psicologia é mesmo uma ciência? Se observarmos com cautela, perceberemos que a psicologia não passa de uma religião maquiada de ciência e que grande parte de seus estudos são fundamentados nas religiões da nova era, com diversos seguimentos orientais e ocidentais. A psicologia tem se valido de vários tipos de técnicas encontradas nas religiões praticantes da feitiçaria, dentre outros seguimentos espiritualistas. São totalmente questionáveis as técnicas apresentadas pela psicologia, sobretudo quando confrontadas com a inerrante Palavra de Deus. Percebemos, claramente, dentro da psicologia todos os princípios que levaram a queda de Eva e de Adão, no Édem. Os processos dialéticos utilizados são mapeados diretamente dentro das influências demoníacas de persuasão executados por Satanás. Basta apenas estudarmos com cuidado e com profundidade e perceberemos que a psicologia é, na verdade, uma ciência que se vale da falsa piedade, ou seja, do que aparenta ser verdade bíblica, mas que, essencialmente, não o é.
Não é estranho sabermos que diversas técnicas de regressão foram utilizadas em muitos desses “Encontros” realizados? Isso se dá porque muitas de nossas igrejas e comunidades evangélicas foram totalmente contaminadas quando seus líderes abraçaram os ensinamentos de psicologia como se fossem verdades bíblicas. Acerca destas questões, Dave Hunt nos diz o seguinte:
“A despeito de sua impotência para oferecer qualquer ajuda duradoura, milhares de psicoterapias se tornaram parte tão corriqueira da vida quanto o cafezinho e o futebol. Conseqüentemente, o crente médio nem sequer percebe que consultar-se com um psicoterapeuta é quase igual a entregar-se aos cuidados do sacerdote de uma religião Riva. Naturalmente, quando é praticada por um crente, a psicologia recebe uma legitimidade injustificada que engana os desatentos. Uma falácia ainda é uma falácia, e não menos perigosa quando proclamada ou praticada por crentes. Pela aceitação simplória da psicoterapia como um suplemento “científico” para a verdade bíblica, como “cura interior” ou “psicologia cristã”, a Igreja está sofrendo de esquizofrenia espiritual (...) Não há problema emocional que a psicologia tente resolver para o qual a Bíblia não alegue que o próprio Deus oferece uma cura completa que pode ser recebida pela fé. Confiar em Deus e obedecer à Sua Palavra é ser liberto da ansiedade que parece pairar sobre este mundo como uma nuvem (...) Estranhamente, todavia, um número substancial de crentes se encontra vivendo debaixo da mesma nuvem de ansiedade que incomoda o mundo, e não parece saber como volta à luz solar do amor de Deus. Muitos buscam ajuda psiquiátrica porque ela parece oferecer uma saída para a dor que muitas vezes acompanha o crescimento espiritual.”[1]
Há várias ministrações do Retiro de Impacto em que nós fazemos uma análise dos equívocos doutrinários. Entretanto, em relação à ministração de cura interior, há tantos, mais tantos erros, que o melhor é apenas cortá-la. Faço uso, apenas das palavras de Dave Hunt, para entendermos alguns aspectos:
"O esforço de integrar psicologia e cristianismo produziu numerosas técnicas novas de oração e de cura desconhecidas da Igreja histórica e não encontradas na Bíblia. Entre as mais populares está “a cura interior” ou “cura das memórias”, que, conforme o consenso dos próprios praticantes “começou com o ministério terapêutico de Agnes Sanford na década que se seguiu à Segunda Guerra Mundial”. Um de seus principais defensores disse: “Uma técnica central para quase toda cura interior é a visualização...” Num livro composto de respostas críticas ao livro A Sedução do Cristianismo, escritas por Roberte Wise, Paul Yonggi Cho, Dennis e Rita Bennett, e vários outros, encontram-se repetidas referências a termos previamente desconhecidos como “oração de visualização... novas formas de oração”, “técnica de oração”, “a visualização acrescentou força às suas orações faladas”, “visualização cristã”, “o papel da vilualização e imaginação em orações para a cura de memórias”, “orações meditativas que usam símbolos, imagens e visualização”, “orações usando a composição de imagens”, e outros termos semelhantes.
Um psicólogo cristão que é conhecido como “um dos pioneiros deste método de aconselhamento... [utilizando] oração, composição de imagens, identificação e esclarecimento de mágoas passadas e visualização positiva...” explica que a imaginação é usada (1) para “recriar a lembrança dolorosa... e visualizá-la como quando aconteceu” e (2) para visualizar Cristo presente na ocasião do incidente doloroso. Isso se justifica, raciocina ele, por Cristo “é o Senhor do tempo – passado, presente e futuro... Ele transcende todo o tempo e espaço.” Para apoiar tais idéias, decalra-se que “Francis MacNutt, em seu clássico livro Healing (Cura), também relacionava a onipresença de Jesus à cura do homem interior” e que por meio da visualização “permitimos que Jesus, o Senhor da história, caminhe até aquele ponto da estrada da vida onde jazem nossas feridas.” Todavia, nenhum dos dois autores oferece qualquer apoio claro nas Escrituras para a prática de visualizar Jesus, nem explica como é que MacNutt e outros católicos obtêm resultados igualmente positivos de “cura interior” pela visualização de Maria, que claramente não é “o Senhor do tempo”, nem é capaz de caminha “até aquele ponto da estrada da vida onde jazem nossas feridas”. Além disso ocultistas variados obtêm resultados iguais visualizando todo tipo de “guias espirituais”.[2]
Dave Hunt ainda posiciona-se em relação ao perdão tratado nas ministrações de “cura interior”:
É bem claro que temos que perdoar aqueles que nos causaram sofrimento, e as conseqüências de não o fazermos são muito graves: “Se, porém, não perdoardes aos homens [as suas ofensas], tão pouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas” (Mateus 6.15; Marcos 11.26). Também é igualmente claro que nenhum processo especial ou prolongado de “cura interior” ou “aconselhamento psicológico” é necessário para que perdoemos outras pessoas. Cristo disse: “E, quando estiverdes orando, se tendes alguma cousa contra alguém, perdoai, para que vosso Pai celestial vos perdoe as vossas ofensas” (Marcos 11.25). Nenhum crente verdadeiro deveria jamais guardar ressentimento contra alguém, não importa quão horrivelmente esse alguém o tenha ofendido ou prejudicado. Podemos saber se temos tal atitude, e podemos ser libertados dela instantaneamente por um ato de nossa vontade, com base no amor e no perdão que recebemos de Deus. Uma vez que Deus me perdoou, não posso ser mesquinho e deixar de estender a outros o mesmo amor, a mesma misericórdia e o mesmo perdão – e como não iria perdoar aqueles a quem Ele já perdoou? Há alguém com que eu tenho dificuldade de me relacionar? Se eu sinceramente orar a Deus pedindo a Sua bênção para aquela pessoa, minha atitude será transformada, pois dificilmente serei hostil ou ciumento para com uma pessoa a quem eu desejo que Deus abençoe!
Todo o processo de “cura interior” é ao mesmo tempo desnecessário e uma negação do que Cristo realizou sobre a cruz. Para o verdadeiro crente, o passado não tem mais qualquer poder, mas foi apagado pela redenção no sangue de Cristo. As Escrituras dizem “...as cousas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2Coríntios 5.17). Isso não era teoria para Paulo, mas uma verdade gloriosa que tinha transformado sua vida e o fazia dizer em triunfo: “...esquecendo-me das cousas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Filipenses 3.13-14).[3] (Grifos nossos)
Ao invés de adentrar nos detalhes da apostila, no que se refere ao tema “Cura Interior”, prefiro, tão somente, indicar duas literaturas básicas que refletem acerca do assunto de forma profunda e, autenticamente, bíblica: “A Sedução do Cristianismo” e “Escapando da Sedução”, ambos do autor DAVE HUNT. Tenho absoluta certeza que o Espírito Santo trará muito esclarecimento por meio do estudo da Palavra e pelo complemento sugerido.
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[1] HUNT, Dave. op. cit., p. 125 e 126.
[2] HUNT, Dave. op. cit., p. 222.
[3] HUNT, Dave. op. cit., p. 223.