"Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me compraza na terra." (Sl 73.25)
Antes de concluir as palavras acima, o salmista se vê num dilema profundo, e numa amargura indizível decorrente de observar o mal que impera no mundo.
Ele fica pasmo diante da prosperidade dos ímpios, que vivem regaladamente se ufanando de todas más obras de suas mãos, sem qualquer aflição de espírito que lhes conduza a sentir o peso de seus feitos. Olham para Deus com desdém, e ainda zombam diante de Sua aparente passividade com relação à impiedade que praticam.
O salmista olha para o seu coração e para o coração daqueles que guardam um espírito sensível, e lê todas as reações químicas que seu corpo produz, fazendo sua alma sentir o fardo de eventuais feitos maus que tenha executado. Enquanto os homens normais são visitados pela culpa, pelo remorso, pela dor decorrente do erro, os ímpios nada sentem e, por isso, se alegram na sua maldade. De fato, a maldade dos ímpios é o seu playground, seu vício, seu ópio, seu deleite, sua paixão!
O pior é que, percebendo que o espírito dos homens maus não é afligido por tudo que operam em seus ardis, o salmista chega ao cúmulo de invejá-los! Assim pode ser com qualquer um de nós enquanto observamos, perplexos, a prosperidade dos ímpios.
Mas, por graça, quando volta à lucidez e, deixando de fitar o olhos na maldade que se multiplica e faz os ímpios prosperarem, volta a olhar para a infinita bondade que habita no Senhor e dEle emana, o salmista se rende e confessa as palvras registradas no verso 25, as quais cito novamente: "Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me compraza na terra."
A verdade é que a perplexidade ante a maldade que se multiplica no mundo tem o poder de nos conduzir à insanidade. Por isso, devemos firmar nosso olhar naquEle que é bom, a fim de experimentarmos dEle, e só assim fazermos coro com o salmista... Nada há nessa terra que desperte em mim um desejo mais forte, do que o Senhor. E no céu não é o ouro, nem a beleza, e nem o extraordinário que me prende coração, mas tão somente o Senhor, que é meu, posto que O tenho, porquanto eu também sou dEle, e Ele me tem! Nesse contexto, a terra é céu, pois Ele é nosso galardão e nossa herança. E o céu é apenas o gozo da Eternidade na qual habitaremos nEle, que hoje habita em nós!