Então,
os que estavam reunidos lhe perguntaram: Senhor, será este o tempo em que
restaures o reino a Israel? (Atos 1:6)
Nós estamos diante de Cristo que,
mesmo tendo padecido na cruz, apareceu vivo com muitas provas incontestáveis. Durante
quarenta dias, já ressuscitado, E falou das coisas concernentes ao reino de
Deus. Ainda assim, a preocupação daqueles que o viram ressuscitado, era se ele
restauraria o reino a Israel; era uma preocupação político-temporal; era uma
preocupação terrena.
É preciso entender melhor o que
aconteceu:
Três
anos fazendo, ensinando e realizando milagres, os discípulos do Senhor olharam
para todo o poder que emanava daquele homem, simples em viver, mas poderoso em
ações e palavras, e o sonho da restauração, tantas vezes prometido pelos
oráculos do Senhor, pulsavam em seus corações. Jesus era o Messias e os sinais,
os ensinos, a autoridade e tudo que acontecia em volta dEle revelavam isso.
Entretanto, após a última ceia, eles
veem seu mestre sendo levado preso e agora ele não apresenta qualquer
resistência. Outrora, Ele tinha o poder de desaparecer no meio da multidão
(João 8:59 ARC), mas agora, ele se mantinha inerte, silente, aceitando os
açoites, os escárnios, os espancamentos, as falsas acusações. Antes, com
autoridade Ele apontava a hipocrisia dos fariseus; agora Ele decide calar-se. É
o cordeiro mudo levado ao matadouro. Os discípulos olham à distância o homem em
quem depositaram tanta confiança sendo brutal e covardemente maltratado, moído;
e isso lhes corta coração num misto de medo, de decepção, de tristeza, de
sensação de impotência. Então Ele é levado ao vitupério; e é colocado fora da
cidade. Entenda isso: como bode expiatório onde depositam a culpa, ele é
mandado para fora da cidade e ali é também o local onde Ele é imolado.
Os discípulos assistem, mas não
entendem, conquanto Ele tenha dito tantas vezes que isso se sucederia. Apenas
veem suas convicções e expectativas despedaçadas. E, assim, por três dias, em
meio ao luto e sentindo-se perdidos e desesperançados, a pedra do túmulo é
arrancada, o corpo fétido do nosso amado mestre é transformado e Ele aparece
vivo, primeiro às mulheres, e depois aos discípulos e a muitos outros,
restaurando a esperança, porém, ainda na forma que eles interpretavam as
profecias.
Contudo, e este é o ponto chave, a
esperança não era para ser restaurada, mas era para ser morta e ressuscitada.
Assim como o corpo de Cristo não foi restaurado, mas transformado, a esperança
falha dos discípulos precisava ser transformada. Entendam o seguinte, Lázaro, que estivera morto por quatro dias,
teve o seu corpo restaurado. Contudo, anos depois, teve que morrer. Cristo,
entretanto, não teve o seu corpo restaurado, mas transformado. A morte, a dor, a angústia e tudo que opera nesse
corpo de morte já não lhe afligiria. E essa também é a nossa esperança: não cremos
que nosso corpo será restaurado. A obra salvívica do nosso redentor não é uma
clínica de estética que retira as nossas rugas, que deixam os traços dos rostos
mais “harmônicos”. Aliás, a maioria dessas clínicas que prometem restaurar,
acaba deformando as feições das pessoas.
A obra salvívica de Cristo tem por
objetivo a transformação ou como Paulo chama: O Ministério da Reconciliação (II
Coríntios 5:18,19; leia também Efésios 1:9,10;20-23 e Romanos 8:19-21). NEle
esperamos a completa aniquilação daquilo que outrora foi e, valendo-se da mesma
substância, há a conversão em um corpo novo, incorruptível, perfeito e
espiritual; e isso não é exclusivo ao homem mas a todo o cosmo.
Entretanto, voltando para o verso 6 do
texto citado no preâmbulo, a expectativa dos discípulos era a restauração do
reino a Israel. Mesmo após testemunharem o incontestável fato da ressurreição,
eles ainda desejavam um milagre menor.
Para eles bastava um “Lázaro, vem para
fora”. Sim, eu também sei que o milagre que chama Lázaro para fora do
túmulo é tremendo, maravilhoso e representava, nas próprias palavras de Cristo,
uma antevisão da manifestação glória de Deus (João 11:40). Contudo, ainda que
os discípulos desejassem a restauração, Israel restaurado ainda está submetido
à sina de fenecer no decorrer do tempo.
Sabemos que em 14/05/1948 o Estado de
Israel foi novamente criado e restaurado no lugar onde hoje o conhecemos.
Entretanto, essa restauração está estabelecida em meio à perseguição, guerra e
morte. É no meio das lágrimas que aquele Estado tem sido mantido. Por esse
motivo é que, conquanto os discípulos desejassem a restauração do reino de Israel,
Jesus lhe propunha a transformação, não só do reino de Israel, mas de todos os
reinos desse mundo e, não somente isso, mas a transformação de todo o mundo.
Vejam que Ele lança uma determinação sobre aquelas pessoas: ficai em Jerusalém
até que sejais revestidos de poder, e sereis minhas testemunhas em toda
Jerusalém, Judeia, Samaria e até aos confins da terra.
Ora, o tempo da Transformação não cabia a ninguém saber. Não era competência de
nenhum dEles, mas se reservava exclusivamente na autoridade soberana do Pai. E
lhes digo que era de fato o tempo da transformação. Reitero que, assim como há
uma promessa de ressurreição que nos transforma de uma natureza caída para uma
natureza incorruptível, a grande promessa do Senhor é a transformação completa
de tudo. É o novo céu e uma nova terra. Essa sempre foi a principal promessa do
Senhor (Apocalipse 21:1,2)
O que quero dizer com tudo isso?
Primeiro, as nossas expectativas, dentro do nosso olhar terral e limitado, são
sempre muito menores do que aquilo que o Senhor tem preparado para nós (I
Coríntios 2:9; Isaías 55.8,9). O que Ele nos reservou é sempre mais amplo, mais
profundo, mais alto, mais largo, mais glorioso. Nossos olhos e nossa mente não
conseguem imaginar. E mesmo diante de um vislumbre daquilo que nos foi
preparado, tal como ocorreu com Paulo ao ser arrebatado até o terceiro céu (II
Coríntios 12:2-5), fica impossível explicar para essa nossa existência terral o
que foi visto; torna-se ilícito falar.
O que o Senhor nos preparou é
infinitamente maior. É maior que a sua prosperidade mateiral; é maior que a
cura do seu corpo; é maior que restauração da sua alma; é maior do que todas as
suas expectativas que são viciadas e limitadas à essa realidade aqui. Entretanto,
no decorrer desse percurso aqui, Ele ainda restaura muitas coisas: Sim, Ele
restaura a nossa alma, nos curando dos traumas e feridas passadas, gerados pelo
pecado que nos habita; Ele tem poder para restaurar a nossa saúde, mas um dia,
mesmo o Lázaro que teve sua vida terreal restaurada, veio a morrer novamente;
Ele restaura relações matrimoniais e de amizade; Ele restaura a visão dos cegos.
Porém, compreenda que o fundamento maior da nossa fé, que foi a ressurreição
física, visível, palpável de Cristo é muito maior que todo o resto.
A restauração ou implementação de um
reino político, pelo qual tantos têm lutado hoje é algo muito miúdo diante do
propósito que o Senhor tem para todos nós. Entendo totalmente lídimas manifestações,
passeatas, defesa de direitos civis. Mas lhes digo que esse nunca foi e nunca
será o propósito do Senhor para o seu povo. Os seus pensamentos são mais altos
e os seus caminhos também.
A angústia que é gerada pela
instituição de um governo terreno e corrupto não deve repousar nos corações
daqueles que crêem na ressurreição de Cristo. De mesmo modo, todas as angústias
que nascem das limitações às quais estamos submetidos pela própria deterioração
patente de nossos corpos e almas, não devem aniquilar a promessa que recebemos
em Seu Grande Amor. Antes deve repousar na calma e na esperança. Ele nos
libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do filho do Seu
amor (Colossenses 1:13). Não é aqui que firmamos a nossa esperança. Quem passa
a crer na transformação, não se contenta mais com a restauração, conquanto seja
grato quando Ele a nos concede como vislumbre de Sua glória futura.
Repouse o seu coração no Senhor Jesus!
Ele é o caminho, a verdade e a vida e ninguém vem ao Pai senão por Ele. O que o
Pai determinou no Seu Filho foi a transformação de todas as coisas para que, no
fim Cristo entregue tudo novamente ao Pai (II Coríntios 15:24). Novos corpos,
nova vida, novo céu e nova terra... novo nome: Isso é o que Ele tem reservado
para os crêem. O que você espera? Creia no Senhor Jesus!
NEle, que nos chamou, justificou e glorificou,
Jordanny.