O discurso abaixo foi ensaiado e lido na formatura da minha princesinha, Rebecca Evelyn, no dia 19 de dezembro de 2012, ocasião em que fui convidado para representar os papais dos miniformandos.
Deixo, portanto, como lembrança e homenagem a todos os educadores do Centro de Ensino Infantil 1 do Gama - DF pelo belo trabalho desempenhado com aqueles pequeninhos.
** Acima está a foto da Rebequinha (à frente) junto com a Tia Ana (à direita) e Tia Cláudia (à esquerda).
Segue, abaixo, nossa homenagem!
FORMATURA Centro de Ensino Infantil - CEI 1 - Gama, DF.
A todas as professoras, aos coordenadores
e direção da escola; aos papais, mamães, avós, tios, responsáveis por estes
pequenininhos; aos demais familiares e convidados e, não posso esquecer, a cada
um desses miniformandos que estão aqui: Boa tarde!
Nessa última segunda-feira a diretora e
professora Lúcia me convidou para representar aos pais nesse dia tão
maravilhoso. Para mim foi uma das maiores honras que já recebi na vida (e falo
isso sem exagero); mas também uma das mais difíceis responsabilidades. A
verdade é que todos vocês, pais, merecem estar aqui e acredito que uma missão
muito mais difícil foi ter que decidir qual, dentre todos nós, deveria cumprir
este papel – o de representá-los –, não é mesmo?
Assim, uma vez sorteado e agraciado,
tentarei de alguma forma me tornar digno de representá-los. Prometo que farei o
possível!
Pois bem, há poucos meses atrás em um
treinamento para assumir o meu atual emprego me fizeram a seguinte pergunta: Qual
a sua verdadeira vocação e o para o quê você acha que nasceu para fazer melhor?
Eu, quase que irrefletidamente, respondi: Ser pai!
A minha vida toda correu sem que eu
compreendesse nela muito sentido até o dia que vi, pela primeira vez, numa
ultrassonografia, as mãozinhas, a cabecinha, os pesinhos e o corpinho da minha
filha. Alguns meses depois, quando a peguei nos braços e vi os seus olhinhos,
tão pequena e frágil, fui inteiramente cativado e, definitivamente, concluí:
Nasci para ser pai!
E essa vocação tem exigido de mim a
mais prazerosa obrigação que se pode imaginar ou conceber. Certa vez um cristão
meio maluco, tendo o apostolado como missão e decidindo não se casar para que
assim pudesse ser pai de inúmeros filhos e filhas que não eram seus, afirmou o
seguinte: “Não fiquem devendo nada a ninguém a não ser o amor”. Assim, como
pais, nós não podemos dever nada aos nossos filhos – seja o alimento, a
vestimenta, a educação; temos que trabalhar de sol a sol para cumprir tais
obrigações. Mas quando se fala do amor, isso devemos e sempre deveremos a eles.
E não há nada que porventura venhamos a fazer que possa saldar, liquidar, esta
dívida.
Como devedores do amor aos nossos
filhos e filhas, nos tornamos igualmente devedores daqueles que manifestam amor
por eles. Essas palavras parecem ser simples, porém são capazes de mudar muito
a forma de vermos e entendermos a nossa cadeia de relacionamentos. Até mesmo
para aqueles pais que são separados, essa dívida nasce em relação ao pai, à
mãe, aos avós ou tios que ajudam a criá-los e a todos que participam dessa
corrente de amor, gerando assim respeito e consideração mútuos.
Por esse motivo, não poderia deixar de
dizer que somos devedores dos professores de nossos filhos e filhas que, com
dedicação e amor ímpar e mesmo diante da escancarada falta de recursos e
descaso que os governos têm demonstrado pela educação, têm se empenhado com
tudo o que lhes chegam às mãos e até mesmo tirando de seus salários parte do
material necessário ao aprendizado dessas crianças. Ao exemplo disso, não vou
esquecer nunca o dia em que a professora Ana Cristina (vulgo “tia Ana”),
observando a limitação e dificuldade de minha princesinha, sem qualquer cerimônia,
comprou um lápis de cor jumbo (que é aquele mais grossinho), apenas para ter o
prazer de ver sua alunazinha tendo uma oportunidade a mais de acompanhar os
demais coleguinhas de sala.
Seria injusto se não citasse a
dedicação da direção, coordenação, secretaria, limpeza, portaria, dos
merendeiros dessa escola; tudo isso para que nossos filhos fossem servidos com
o melhor! Em especial, temos também a Cláudia, professora da sala de recursos
que se dedica a tentar suprir a dificuldade daquelas crianças que apresentam
algum tipo de limitação e aos monitores que ajudam as crianças especiais
enquanto as professoras estão tão ocupadas com os outros pequenos curumins, em
sala de aula.
Papais, mamães, familiares e demais
convidados: nossos filhos são servidos por anjos! Por isso, reafirmo que cada
um de nós se constitui devedor do amor dessa equipe maravilhosa!
Cientes, portanto, desse dever,
precisamos ainda nos empenhar para deixar a cada um desses pequenininhos uma
herança inigualável e imensurável. Não falo de dinheiro, ou casas, ou quaisquer
outros bens materiais. Tudo isso é bobagem e vão! Num mundo onde as verdadeiras
joias brilham em cada sorriso de cada ser humano, a maior herança que podemos
deixar é o nosso exemplo e o nosso amor. Em nosso exemplo e amor deve estar
contido tudo o que é honesto, verdadeiro, de boa fama, amável, sincero, afetuoso
e honrado. Assim, não perca este momento, chamado Agora, para semear essa
herança nos coraçõezinhos deles!
Sei que às vezes uma televisão, ou uma
internet, ou um bate-papo com os amigos, ou um jogo de futebol, ou um salão de
beleza parece ser menos cansativo do que a atenção empenhada aos filhos.
Entretanto, quisera Deus que todos esses aparatos tecnológicos e futilidades da
vida fossem substituídos pelo diálogo, pelo tempo dispensado em brincadeiras e
pela atenção devida a cada um de nossos filhos e filhas... É tão simples e tão
prazeroso se sentar ao chão para brincar de carrinho ou boneca com eles! Para
muitos pais, esse momento já se foi e agora só restam lágrimas diante de filhos
que só dão trabalho e que seguiram por um caminho de tristeza, angústia e dor.
Por isso, eu gostaria que você papai,
mamãe, vovô, vovó, titio, titia, olhasse para os olhos dessas crianças e
contemplassem o semblante da esperança. Isso mesmo! Se a esperança tem forma,
cheiro, cor, eu posso afirmar com convicção que está diante de vocês. Todas as
vezes que olho para os olhos da minha princesinha, meu coração se enche de
esperança e então percebo que a minha maior alegria não é ser conhecido pelo
meu nome, mas, e sim, pelo maior adjetivo, pela maior qualidade que a vida, não
por merecimento próprio, me brindou: o ser pai da Rebecca. Vocês não imaginam o
quanto ser chamado assim me faz feliz! Me faz mais feliz do qualquer outro
título que tenha conquistado!
Desejo, no íntimo do meu coração, que
vocês também se orgulhem disso! Orgulhem-se de serem chamados de mãe da Lara;
pai do Breno; mãe da Anne; mãe da Laís; vovô do Joãozinho; titio da Ana Júlia;
vovó da Fernandinha... Que maravilha é ser chamado assim! Sou grato a essa
escola por ter me conhecido assim e simplesmente assim: como pai da Rebecca.
Por último, deixo a vocês a mais
infantil, e por isso, talvez a mais rica poesia que já tentei compor:
Soneto aos Miniformandos
Incontáveis
estrelas do céu
que aos meus
olhos me fez encantar,
inda que de uma
ilusão sem par,
ao mar feito um
“barquim” de papel;
foi daí que um
presente de mel
veio aqui, neste
mundo, brilhar,
num sorriso tão
doce e um olhar,
de tão puro, fez
sentir-me um réu
condenado à sina
do amor.
Seja herói,
princesinha ou que for
fez morada em
meu coração
recheando minha
vida e canção,
que outrora se
viu tão vazia,
mas que agora é
de intensa poesia!
Com esses simples versos, encerro aqui
as minhas palavras, lembrando que a nossa herança está diante de nós.
Parabéns turminha do ensino infantil!
Parabéns a toda a equipe do CEI 1! Parabéns a todos os pais, mães e familiares!
Obrigado ao meu Deus, vida da minha vida! Que Deus nos abençoe e nos dê
sabedoria na criação dessas preciosidades!
Gama
– DF, 19 de dezembro de 2012.
Autor: o papai da Rebecca Evelyn.
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