No Acalento da Tinta
Neste opróbrio de ser se afirmou sentinela;
E num amor baldo e frio atiçava suas cãs,
Pois do gris que pintou fez das cores afãs
De um alguém que ninguém fora em aquarelas.
Transcendendo o sentir deu seus versos àquela
Que desde antes jazia em seu cheiro-maçã;
E esculpia de aromas seu ventre-romã:
As moradas, de Elísio, junto às cidadelas...
Em desejos e sombras trilhou o pobre poeta
No acalento da tinta e no agudo da pena;
Com rasuras, traços: rastros de seu esforço
Em buscar descrever sob luzes de velas...
Mas agora ante a tua beleza serena
Pôde, assim, repousar em teu seio e em teu dorso.
Gama, 13 de abril de 2023.
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