A ermo...
Como
expressar o que sente
quando
se constitui de um turbilhão de mudanças?
Não
é confusão e, sim, incompreensão acerca de si mesmo.
Está
fadado a não se entender?
Enquanto
isso ela se aproxima,
chega
bem perto e lhe abraça.
Que
toque álgido
e
que hálito árido e frígido e vago...
Num
fosco olhar que lhe arrebata todo e qualquer brilho,
o
gris lhe cerca e desvirtua o que lhe era incandescente.
Por
te desejar longe te aproximas tanto
e
de tanto não te querer és seu preferido.
Mas
a vida é testemunha de que és
sua
mais odiosa dileção.
Por
que vens aqui hoje?
Já
não fartaste a tua fome?
Devoraste-lhe
até que nada
fez-se
mais completo e cheio de signos...
E
ainda vens? Que queres mais?
Já
o amor se foi! Que mais lhe oferece?
Nem
mesmo a inexistência lhe é qualificação devida:
Já
não a tem e ainda não a é.
Mas
sabe que é justamente o que não sabe...
E
ainda voltas? Admiras a vacuidade de seu inexistir ser?
Sim,
a vida é testemunha de que és
sua
mais odiosa dileção.
Até
quando a tua doce companhia
amargará
seu viver?
Não
vês que odeia te amar
porquanto
fazes bem ao seu mal?
Tua
presença lhe repele
e
tua distância lhe atrai.
És
luz enegrecida que lhe aquece enquanto esfria.
És
fôrma inconforme;
És
também balé estático
ao
compasso da arritmia que ordena o coração...
És
o caos organizado e és o vidro inquebrável.
És
diamante flexível?
És
o daltônico colorido e és o surdo alarido.
És
prazer dolorido e és mesmo sem ser.
És
insignificante signo e és o resultado insolúvel?
És
limite indefinido e és, da constância, a curva.
Ó,
como a vida é testemunha de que és
sua
mais odiosa dileção.
Jordanny Silva
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