Capítulo 1 –
Amoldados ao presente século.
Olho para a nossa realidade e
lastimo o fato de vivermos muito mais ocupados e embaraçados a questões
materiais e de futilidade evidente, do que ao que é eterno. Somos cercados
diuturnamente por ideais, tradições, princípios morais e costumes que estão em
choque com a Palavra da Verdade. O mais triste é saber que temos nos adequado a
toda essa influência maligna e aderido aos conselhos do espírito do anticristo,
que já exerce poder e domínio sobre este mundo. O apóstolo João nos afirmou que
este mundo está no maligno (1Jo 5.19), de sorte que quem opera aqui, sobre os
filhos da desobediência (Ef 2.2), é o espírito do anticristo (1Jo 4.3).
A igreja sabe disso e é doutrinada todo
o tempo acerca desse fato. Mas continua sendo contumaz em seu caminho tortuoso permitindo-se
ser conduzida neste. Quanto à possibilidade de se ver livre dessa influência,
Paulo nos adverte da seguinte forma:
ROGO-VOS, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e
agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados
pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa,
agradável, e perfeita vontade de Deus. (Rm 12.1,2). [Ênfases adicionadas]
Ah, que preciosidades são as verdades
evidenciadas neste texto! Há uma preocupação tão profunda do apóstolo para com
a saúde espiritual da igreja, que ele chega a rogar “pela compaixão de Deus”.
Ora, Paulo era conhecedor do extraordinário significado que havia nessa
expressão. A compaixão de Deus é o ato mais sublime que já se manifestou no
cosmos como graça a toda a criação. O âmago dessa compaixão é a gloriosa
expressão de Seu indizível amor, manifesto aos homens na Cruz do Calvário. Essa
compaixão foi pintada da mais graciosa e reluzente cor púrpura; foi demonstrada
na conversão do coração de Cristo como em cera, derretido em Suas preciosas
entranhas pelos nossos pecados. Essa mesma compaixão motivou o próprio Deus a
tomar Seu Filho, feito em nossos pecados, possibilitando que fôssemos
constituídos, por meio dEle, justiça de Deus (Sl 22.14; 2Co 5.21; Is 53.10).
Só isso já seria suficiente para nos
remeter, em temor e tremor, a um exame de consciência no sentido de buscar viver,
em amor, o imperativo que se segue: “que
apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que
é o vosso culto racional”. Evidentemente, o sacrifício acompanha todo o
processo sacro, de liturgia íntima, reverente e vívida, piedosa, revestida de
santidade aprazível ao Senhor; coberto de uma racionalidade pura, ousada,
impetuosa, sincera, consagrada e prostrada diante do mistério do qual Ele está
revestido, o qual Ele o é.
Em seguida, o doutor dos gentios nos
exorta a “não nos conformarmos com este
século”. Para que essa verdade seja experimentada e aplicada às nossas
vidas, é necessário que sejamos “transformados
pela da renovação do nosso entendimento”. Esses degraus nos conduzem,
incontestavelmente, à experiência inefável, absoluta, prazerosa e gloriosa da
revelação da vontade de Deus em nosso interior (Jo 4.13,14; 2Co 4.16).
Em suma, a nossa doença e dormência está inteiramente relacionada a esse distanciamento que
se alicerça na indisposição de nos sacrificarmos, mesmo quando inteirados da
sublime mensagem da redenção na Cruz, no sentido de sairmos debaixo de uma
influência maligna, insensível, e nos rendermos à vontade soberana de um Deus
amoroso. É, pois, uma questão de conformismo e comodismo espiritual. Porém, em
quê devo sacrificar-me para me apossar, pela fé, dessa verdade, agradando assim
ao meu Senhor e o que devo fazer para ter uma vida espiritual consistente? Tentaremos
responder a estas e outras questões no decorrer deste artigo.
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