CAPÍTULO 8 - Onde Está o Amor?
Ah, como seria maravilhoso se a
igreja caminhasse no amor. Paulo, em sua primeira epístola escrita aos irmãos
de Corinto, de modo poético, inteligível, completo e definitivo, fala acerca
dessa maravilhosa graça de Deus, que nos é derramada por meio de Seu Espírito.
Já houve diversos sermões baseados nesse magnífico texto, mas gostaria,
novamente, de trazê-lo à tona:
AINDA que eu falasse as
línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa
ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse
todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira
tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que
distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que
entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me
aproveitaria. O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não
trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não
busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a
injustiça, mas folga com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo
suporta. O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo
línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; (1Co 13.1-8)
A completitude deste texto nos deixa
boquiaberto. Dentro de cada palavra escrita por inspiração divina, se poderiam
escrever livros e mais livros. Mas tentarei ser breve e objetivo. Não é meu intuito
discorrer profundamente por tudo que este texto revela por dois motivos
básicos: o primeiro, é que meu intelecto é muito limitado para alcançar a
compreensão do que é, essencialmente, o amor – ainda o conheço apenas em parte,
mas um dia o conhecerei como sou conhecido; o segundo, é que tenho por objetivo
apenas atiçar o senso crítico dos ledores, de sorte que, cada um, poderá, no
Espírito, alcançar maior discernimento.
Pois bem, de forma objetiva,
utilizarei este magnífico trecho bíblico para comparar a realidade do
cristianismo atual. Nesse sentido, o apóstolo dos gentios começa escrevendo
que, mesmo diante do dom de se expressar na língua dos anjos e dos homens, na
falta de amor, isso se compararia ao sino que, por ser vazio, apenas serve para
fazer barulho. Não seria essa a nossa realidade atual? Em grande parte dos
ajuntamentos evangélicos que vemos há muito barulho, mas pouca ou nenhuma
expressão ativa. Isso se dá por falta de amor. Ainda que se diga que se está
fazendo algo por amor, se, contudo, não compreendermos o que ele é, pelo menos
em parte, não há como vivê-lo.
Logo em seguida, Paulo nos exorta
que mesmo diante da mais profunda vidência, fundamentada em profecia e ciência
do mais alto nível, acompanhado de uma fé suficiente para realizar maravilhas
indiscutíveis e admiráveis, sem amor não alcançaria valor algum. Atualmente,
não diferentemente, temos visto uma igreja que roga para si uma fé inabalável,
um conhecimento invejável e uma mensagem profética irrefutável e que,
entretanto, não tem alcançado expressividade diante do mundo, não sabendo
responder satisfatoriamente por meio de um testemunho de fé, acompanhado de
boas obras, efetivamente relevante. O amor é, por natureza, obra do Espírito;
logo, sem o amor, a nossa fé é morta, visto que não está acompanhada de obras.
Por isso o apóstolo diz que tudo isso, sem amor, é igual a nada. É como
multiplicar os maiores números por zero; o resultado será sempre zero.
Por conseguinte, Paulo nos adverte
que quaisquer obras de significado palpável, tal como desfazer-se de toda a
nossa riqueza para doar aos pobres ou mesmo oferecer-se num martírio louvável,
sem amor não nos teria qualquer proveito. Vemos, nesse sentido, os espíritas
que, buscando sua salvação ou mesmo uma evolução espiritual, fazem obras e mais
obras sociais. Mas perdem tudo diante de uma soberba e orgulho, achando-se mais
evoluídos e mais bondosos que os demais; tudo isso não tem valor. De mesmo
modo, há mulçumanos que se entregam ao martírio, fazendo-se homens-bomba.
Porém, não alcançam qualquer proveito pessoal. Assim, a igreja que realmente
quer viver a essência do Espírito, deve caminhar nas boas obras e no testemunho
mesmo diante da morte; mas sempre acompanhado do que é fundamental: o amor.
Em continuidade, o apóstolo nos traz
características maravilhosas do amor, das quais não temos visto na igreja
atual. O cristianismo ocidental moderno tem fugido do sofrimento, conquanto o
amor seja sofredor. O cristão contemporâneo, em sua grande maioria, não tem
sido benigno, mas, sim, invejoso, leviano e soberbo; ao contrário do que o
amor, verdadeiramente exprime. Também temos visto um evangelho indecente,
baseado em interesses pessoal e classista, cheio de malícia e astúcia, buscando
respaldo político para defender os interesses da igreja; não é assim que o amor
nos ensina. O crente revestido do amor ágape não fica silente e estático diante
do domínio da injustiça, ainda que lhe custe a própria vida; mas vive na
liberdade que só a verdade lhe pode dar. Temos testemunhado até mesmo evangélicos
que, sendo pessoas públicas, são capazes de orar a Deus agradecendo a propina
que estavam recebendo.
O amor tudo sofre, tudo crê, tudo
espera, tudo suporta. Como seria maravilhoso ver a igreja de Cristo tomando
posse dessa verdade. Mas, ao contrário disso, vemos campanhas com os seguintes
dizeres: não sofra mais. Ah, quantas inverdades têm sido veiculadas e
dispersadas entre os incautos. É por esse motivo que o evangelho atual tem
falhado tanto. O amor, porém, nunca falha.
Por enquanto, o vemos obscuramente,
como por um espelho (v. 12), mas em breve o veremos face a face, e o
conheceremos tal como somos dEle conhecidos. Em breve sairemos de nossa
infância espiritual e, na glória, deixaremos as coisas de meninos e agiremos
como homens maduros (v. 13). Lá, as tribulações aqui vividas, serão uma simples
lembrança da graça de nosso terno Salvador. No céu não haverá necessidade de
fé, ou de esperança; mas o amor será o nosso estandarte, a nossa direção e o
nosso fundamento. Deus é amor (1Jo 4.8)! Glória ao nome de Jesus, que nos amou
primeiro!
Nenhum comentário:
Postar um comentário