sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

A Vitória que Vence o Mundo - Parte 10



CAPÍTULO 8 - Onde Está o Amor?

            Ah, como seria maravilhoso se a igreja caminhasse no amor. Paulo, em sua primeira epístola escrita aos irmãos de Corinto, de modo poético, inteligível, completo e definitivo, fala acerca dessa maravilhosa graça de Deus, que nos é derramada por meio de Seu Espírito. Já houve diversos sermões baseados nesse magnífico texto, mas gostaria, novamente, de trazê-lo à tona:

AINDA que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria. O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; (1Co 13.1-8)

            A completitude deste texto nos deixa boquiaberto. Dentro de cada palavra escrita por inspiração divina, se poderiam escrever livros e mais livros. Mas tentarei ser breve e objetivo. Não é meu intuito discorrer profundamente por tudo que este texto revela por dois motivos básicos: o primeiro, é que meu intelecto é muito limitado para alcançar a compreensão do que é, essencialmente, o amor – ainda o conheço apenas em parte, mas um dia o conhecerei como sou conhecido; o segundo, é que tenho por objetivo apenas atiçar o senso crítico dos ledores, de sorte que, cada um, poderá, no Espírito, alcançar maior discernimento.

            Pois bem, de forma objetiva, utilizarei este magnífico trecho bíblico para comparar a realidade do cristianismo atual. Nesse sentido, o apóstolo dos gentios começa escrevendo que, mesmo diante do dom de se expressar na língua dos anjos e dos homens, na falta de amor, isso se compararia ao sino que, por ser vazio, apenas serve para fazer barulho. Não seria essa a nossa realidade atual? Em grande parte dos ajuntamentos evangélicos que vemos há muito barulho, mas pouca ou nenhuma expressão ativa. Isso se dá por falta de amor. Ainda que se diga que se está fazendo algo por amor, se, contudo, não compreendermos o que ele é, pelo menos em parte, não há como vivê-lo.

            Logo em seguida, Paulo nos exorta que mesmo diante da mais profunda vidência, fundamentada em profecia e ciência do mais alto nível, acompanhado de uma fé suficiente para realizar maravilhas indiscutíveis e admiráveis, sem amor não alcançaria valor algum. Atualmente, não diferentemente, temos visto uma igreja que roga para si uma fé inabalável, um conhecimento invejável e uma mensagem profética irrefutável e que, entretanto, não tem alcançado expressividade diante do mundo, não sabendo responder satisfatoriamente por meio de um testemunho de fé, acompanhado de boas obras, efetivamente relevante. O amor é, por natureza, obra do Espírito; logo, sem o amor, a nossa fé é morta, visto que não está acompanhada de obras. Por isso o apóstolo diz que tudo isso, sem amor, é igual a nada. É como multiplicar os maiores números por zero; o resultado será sempre zero.

            Por conseguinte, Paulo nos adverte que quaisquer obras de significado palpável, tal como desfazer-se de toda a nossa riqueza para doar aos pobres ou mesmo oferecer-se num martírio louvável, sem amor não nos teria qualquer proveito. Vemos, nesse sentido, os espíritas que, buscando sua salvação ou mesmo uma evolução espiritual, fazem obras e mais obras sociais. Mas perdem tudo diante de uma soberba e orgulho, achando-se mais evoluídos e mais bondosos que os demais; tudo isso não tem valor. De mesmo modo, há mulçumanos que se entregam ao martírio, fazendo-se homens-bomba. Porém, não alcançam qualquer proveito pessoal. Assim, a igreja que realmente quer viver a essência do Espírito, deve caminhar nas boas obras e no testemunho mesmo diante da morte; mas sempre acompanhado do que é fundamental: o amor.

             Em continuidade, o apóstolo nos traz características maravilhosas do amor, das quais não temos visto na igreja atual. O cristianismo ocidental moderno tem fugido do sofrimento, conquanto o amor seja sofredor. O cristão contemporâneo, em sua grande maioria, não tem sido benigno, mas, sim, invejoso, leviano e soberbo; ao contrário do que o amor, verdadeiramente exprime. Também temos visto um evangelho indecente, baseado em interesses pessoal e classista, cheio de malícia e astúcia, buscando respaldo político para defender os interesses da igreja; não é assim que o amor nos ensina. O crente revestido do amor ágape não fica silente e estático diante do domínio da injustiça, ainda que lhe custe a própria vida; mas vive na liberdade que só a verdade lhe pode dar. Temos testemunhado até mesmo evangélicos que, sendo pessoas públicas, são capazes de orar a Deus agradecendo a propina que estavam recebendo.

            O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. Como seria maravilhoso ver a igreja de Cristo tomando posse dessa verdade. Mas, ao contrário disso, vemos campanhas com os seguintes dizeres: não sofra mais. Ah, quantas inverdades têm sido veiculadas e dispersadas entre os incautos. É por esse motivo que o evangelho atual tem falhado tanto. O amor, porém, nunca falha.

            Por enquanto, o vemos obscuramente, como por um espelho (v. 12), mas em breve o veremos face a face, e o conheceremos tal como somos dEle conhecidos. Em breve sairemos de nossa infância espiritual e, na glória, deixaremos as coisas de meninos e agiremos como homens maduros (v. 13). Lá, as tribulações aqui vividas, serão uma simples lembrança da graça de nosso terno Salvador. No céu não haverá necessidade de fé, ou de esperança; mas o amor será o nosso estandarte, a nossa direção e o nosso fundamento. Deus é amor (1Jo 4.8)! Glória ao nome de Jesus, que nos amou primeiro!

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