sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Adoecidos e Adormecidos - Parte 6




Capítulo 5 – As ilusões e os embaraços da vida.

            Após trazer uma definição exata do conceito de fé, consignando exemplos inesquecíveis num rol sublime de heróis da fé, sabiamente nos advertiu o escritor aos Hebreus:

PORTANTO nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus. (Hb 12.1-2) [Ênfase adicionada]

            O propósito de se tratar, num mesmo capítulo, das ilusões e dos embaraços da vida, respalda-se no fato de que todo tipo de entrave, embaraço, frustração ou mesmo, desejo vão que atinge os nossos corações, têm como escopo algum tipo de ilusão. A ilusão é, por natureza, viciosa. Ela traz consigo a obcecação. E o que é a obcecação? É uma visão turva, dissonante da verdade. O obcecado é aquele indivíduo que está rendido à cegueira. Ele acredita que pode ver, mas está cego. No livro de Apocalipse, a carta endereçada à igreja de Laodiceia aponta para esse problema:

Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu; (Ap 3.17)

            A obcecação, a nível espiritual, acontece quando não conseguimos mais enxergar o que tem valor espiritual, e passamos a nos firmar no que é passageiro. O cristão é convidado a ser um visionário. Isso mesmo! A nossa visão não está condicionada aos limites dessa existência horizontal; desse mundo simplesmente palpável. Qualquer manifestação de fé que supervaloriza as questões materiais é falha e representa uma forma de obcecação.

            Veja que a igreja de Laodiceia assim se afirmava: “Eu sou riquíssima! Estou cercada de prosperidade! A minha teologia é cheia do glamour materialista! Sou reconhecida pela grandeza dos meus templos e pelas contas bancárias de meus membros!” A resposta a essa visão aproximada da teologia da prosperidade foi a seguinte: “Você na verdade está privada da autêntica Graça de nosso Senhor Jesus. Isso porque a sua miséria se expressa na própria natureza daquilo em que se fundamenta a sua fé e a sua confiança, que são as riquezas perecíveis dessa vida. Assim, você, na verdade, experimenta uma pobreza interior ímpar, por conta da soberba de suas palavras. Está cega, limitada e fadada à fronteira da diminuta e passageira glória manifesta nessa temporalidade vã!”.

            Uma vida um tanto confortável ao padrão humano, pode ser uma vida de extrema miséria espiritual. Por esse motivo há tantos cristãos que não estão preparados para o momento de dor. Qualquer sofrimento que a vida lhe impinge já é suficiente para colocar em cheque a sua fé, fazendo que duvidem do próprio Deus. A consequência é uma escancarada impiedade e incredulidade, mesmo diante de sinais fantásticos da presença de Deus.

            E como esses crentes materialistas normalmente respondem ao momento de tribulação, ao deserto que precisam enfrentar? Muitos têm respondido com a apostasia, com o abandono da fé.

            Entretanto, qual seria o segredo para ter uma fé genuína e inabalável? O texto que introduz este capítulo nos informa: Deixar os embaraços e o pecado e olhar para Jesus, Autor e Consumador da fé. Isso parece ser simples, mas muitos não entendem o que significa olhar para Jesus. O que se tem visto na atualidade é que muitos não têm olhado para o Cristo verdadeiro; antes têm olhado para um arquétipo baseado nas especificidades desse mundo perdido; ou mesmo para aquilo que a religião pinta como sendo o Cristo, e, assim, as expectativas são facilmente frustradas. Nisso se baseia a grande ilusão.

            A grande verdade é que, quando um Cristo falso é apresentado ao coração humano, automaticamente, a fé daquela pessoa não passa de uma falácia; de um engano terrível. Contudo, quando o verdadeiro Cristo é apresentado e recebido na vida de alguém, a fé aceita se faz firme e floresce mesmo no mais inóspito deserto. Porém, qual é o Cristo verdadeiro?

O verdadeiro Cristo.

Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus. (Hb 12.2)

            A primeira característica de Jesus descrita pelo escritor aos Hebreus nos informa que Ele é o Autor e Consumador da fé. Isso revela a Sua soberania, inclusive, em relação ao fato de que uma pessoa só alcança a confiança nEle por meio de Sua vontade. É Ele que nos escolhe e não o contrário (Jo 15.16). É Ele que nos ama antes, para que assim nós O amemos (1Jo 4.19). Dessa forma, é Cristo que produz e dá início ao caminho de fé traçado pelo coração humano e, também, é quem o conduz ao fim deste glorioso caminho (Fp 1.6).

            E por onde esse caminho de fé passa? Esse não será diferente do caminho de nosso Mestre. Esse caminho passa pela alegria da perfeita, agradável e boa vontade de Deus (Rm 12.2) que nos apresenta a cruz como escolha, anseio e necessidade para que se alcance a vida eterna (Lc 9.23). A cruz e as provações precisam ser motivo de grande alegria para cristão.

            Mas o verdadeiro Cristo não foi derrotado pela Cruz. Pelo contrário, Ele alcançou vitória por meio da Cruz e demonstra isso plenamente no fato de Sua ressurreição. A ressurreição deve ser um dos fundamentos da fé cristã, pois sem esta toda a nossa fé se faz vã (1Co 15.14). E para a Sua glória, Ele está assentado à destra do Trono de Deus. Glória a Deus!

            Olhe para Jesus consciente de que a cruz é um instrumento de glória na vida de todos aqueles que O amam, mas também consciente de que Ele é soberano e está assentado à direita de nosso amado Deus. Tenha convicção que Ele, que deu início à nossa fé, é fiel para completar a obra e consumá-la em nossas vidas! Glória ao nome de Jesus!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Aforismos e poesias: Lúcidos devaneios - Parte 21



De: Vida
Para: Doxo

Se o Meu querer fosse o teu
e o teu fosse o Meu querer,
seria fácil, a ti, recitar o inexprimível.
Mas te divides em dois, dez, cem,
donde quando ou como ou quanto é maioria.
E numa balança medes e negocias,
mas na avença sempre perdes.
E se decides ao lucro, na consciência lutas ante o luto.
E novamente tornas a desejar-me tanto e nada,
pois me queres tanto e quanto e até não quando;
e na medida de um vazio tão pesado,
(ao vento inalas um frescor tão sufocante),
e ao calor que traz a ti gélido arrepio,
não vês nada além até fechares os olhos.
Se a brisa soprasse versos,
colhê-los-iam aqueles que se fizessem sensíveis.
Mas a linguagem eólia
pouco e nada vos é compreendida...
Então resta o choro de quem não sabe
e resta a angústia de quem espera
e resta a dor de quem crê amar.
De anseios faz-se o castelo de cartas:
Tão frágil que mal suporta a respiração
de um sussurro de amor...
Quão vãos são os desejos
dispersos nas areias do tempo:
Nada dizem conquanto gritem alto.
São maquinações de uma existência
que se vê submersa nas águas da soberba,
sem fôlego, afogada em amarga ilusão;
ilusão essa que mente quanto ao que se vê e crê
acerca de ti e do mundo e de Mim...
Ah, se pudesses ver que o adiante pode estar atrás
e se entendesses que o além se faz daí, onde estás...
O que esperas, espere em Mim
e o que desejas, deseje em Mim
e o que fizeres, faça em Mim...
Só assim o ar da paz se achegará
ao teu tempestuoso ser.

Jordanny Silva