quinta-feira, 9 de abril de 2009

Tira dúvidas - "Autoridades" inquestionáveis?

Neste novo tópico do "Tira dúvidas" estarei publicando a resposta a uma pergunta do Matheus consignada na postagem "Autoridades" inquestionáveis - Parte 1. Recomendo a leitura do tópico pelo link informado no texto sublinhado.

A pergunta do Matheus era a seguinte:

“Jordanny,

Achei muito bom esse artigo sobre ‘As nossas autoridades dentro da igreja’. Você esclareceu muito mais meu entendimento sobre as lideranças. Por muitas vezes já vi pessoas que talvez não estavam bem no seu ministério e pediram a seu pastor para mudarem de igreja. Então o pastor disse que se elas fossem para outro ministério, estariam saindo em rebeldia. Quando enfrentamos essas situações, qual é a melhor coisa a fazer?

Paz e graça.

Matheus”

Minha resposta:

Prezado Matheus,
Primeiramente agradeço sua visita a este espaço. Perguntas como esta que você, hoje, nos direciona são muito importantes para que alguns assuntos distorcidos sejam esclarecidos à luz da Palavra de Deus.

É pertinente a sua dúvida, e a mesma está relacionada ao fato de haver, na maior parte dos crentes, uma espécie de medo quanto às palavras de "maldição". Devo asseverar antes de tudo, que essa informação de que nós temos o poder de “amaldiçoar” com as nossas palavras, no sentido de haver um “poder mágico” naquilo que dizemos, é, inegavelmente, uma falácia (mentira, invencionice), advinda da má interpretação das Escrituras, ou mesmo, distorção intencional da Palavra que alguns líderes religiosos fazem, a fim de dominar seus liderados por meio do “mecanismo do medo” (1 Pe 5:2,3).

Estes “lideres religiosos” utilizam, errônea e fraudulosamente, a passagem descrita no livro de Tiago, no capítulo 3, versos 9 e 10, a fim de corroborar suas pretensões e sustentar sua “autoridade” por meio do terror.
Para compreendermos bem, é necessário fazermos leitura da passagem informada acima:

(Tiago 3:8-10) – “Mas nenhum homem pode domar a língua. É um mal que não se pode refrear; está cheia de peçonha mortal. Com ela bendizemos a Deus e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. De uma mesma boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não convém que isto se faça assim.”

É um equívoco dizer que o termo “maldição” na forma utilizada acima, descreve um “poder mágico” que uma liderança tem de prejudicar a vida de outrem. Se você observar bem o sentido da expressão “maldição”, na forma utilizada, perceberá que esta revela a idéia de maldizer; ou seja, falar mal da pessoa. Observe bem o que está escrito: “com ela (a língua) bendizemos a Deus e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens” (v. 9). O que significa bendizer? É o mesmo que abençoar? Não! Bendizer significa “falar bem de alguém”, no caso, Deus. Da mesma maneira, a idéia de “maldição”, seguindo este contexto, significa “falar mal de alguém”. Do contrário, você teria o poder de até abençoar a Deus. Te pergunto: você pode abençoar a Deus? Evidente que não. Na verdade nós não podemos abençoar ninguém. É Deus quem nos abençoa.

Acredito que a explanação anterior já te trouxe um pouco da compreensão do tema. Entretanto, você me fez uma pergunta relacionada à rebeldia; dessa forma tentarei responder, também, a luz das Sagradas Escrituras. Primeiramente, é evidente que muitos cristãos saem da igreja em face de sua rebeldia; ou seja, não conseguem aceitar a doutrina que está sendo pregada, mesmo que seja essencialmente bíblica, e acabam ficando “magoados” (Hb. 12:15) com o pastor, e “pulam fora” da igreja, ainda por cima falando mal. Neste caso, os tais cristãos magoados, rebelaram-se, não diretamente, contra a autoridade do pastor; mas sim contra a autoridade da Palavra de Deus; o que é muito mais grave. Eu posso te afirmar que o pastor que tem convicção em seu coração que está pregando, na essência e com verdade e piedade, a Palavra do Deus vivo, não irá nem chegar a tais crentes para laçar-lhes pelo “medo”, com ameaças do tipo: “você está debaixo de rebeldia” ou “debaixo de maldição”. Não é necessário a este pastor usar-se de tais argumentações. Tal pastor tem convicção que é o Espírito Santo que convence o homem do pecado, da justiça e do juízo (Jo. 16:8), não havendo necessidade de nenhuma intimidação para segurar algum crente em sua igreja.

Porém, quando estamos diante de líderes religiosos que se afastaram da Palavra do Senhor; que já não pregam segundo à Verdade e Justiça; os quais, mesmo após a advertência acerca das distorções e falsificações do evangelho que estão sendo aplicadas dentro da igreja, decidem não mudar de atitude e voltar de onde erraram (Ap. 2:5); aí, sim, não resta outra alternativa a não ser mudar daquela igreja, ou denominação. E, posso te afirmar, com convicção, que aquele crente, que decidiu sair daquela igreja, não estará saindo debaixo de rebeldia.
Agora, há casos em que a pessoa está saindo da igreja de forma amistosa, sem estar chateado com o pastor ou mesmo com os membros da igreja. Nesse caso, tenho certeza que a liderança, que tem a fiel convicção de estar servindo ao Deus Todo-poderoso, não precisará intimidar a este crente; tal pastor, normalmente, mesmo com o pesar no coração, respeitará o livre arbítrio de sua ovelha, orando para que Deus o esteja acompanhando em sua nova trajetória.

A paz do Senhor, meu caro amigo! Espero ter ajudado na compreensão. Quaisquer dúvidas, fique à vontade para registrá-las deste espaço.

(Textos revisados)

Jordanny Silva