quinta-feira, 24 de junho de 2010

Apologética institucional, política, ególatra ou efetivamente Cristã?


Um dos campos mais crescentes do meio cristão, principalmente evangélico, são os blogs apologéticos. Até certo grau é muito bom ver que a maioria dos cristãos revela bom senso e cansou de ser marionete desses novos “moveres” e de todas as distorções que têm sido vomitadas como alimento espiritual, quando na verdade não passa de engodo peçonhento.


Entretanto, o que também tenho percebido é que alguns que buscam se destacar no meio apologético, o fazem por meio de uma apologia covarde, que se vendeu às convicções de instituição A ou B. Isso mesmo! Vejo alguns apologistas que se sentem no direito de apontar erros doutrinários de uns e de outros, mas se calam diante dos gritantes abusos, escândalos e manobras antiéticas que algumas instituições revelam. Qual seria o motivo? Bem o julgamento do motivo não cabe a mim! Mas dá a entender que o motivo de se silenciar, quando se trata de confrontar a podridão da instituição a que se vincula, seja convenção ou editora a que se filia, é o fato de se ter vendido, talvez não por preço em moeda, mas pelo valor da vaidade e do prestígio que adquiriu.


Percebo, por exemplo, incrível o grau de covardia de tais apologistas quando, ao invés, de batalharem pela fé que uma vez foi dada aos santos (Jd v.3), lutam por convicções institucionais e por ideias fixadas, não na inerrante Palavra do Deus vivo, mas sim nos usos, costumes e dogmas adotados pela instituição a que é vinculada. Diante disso, surge uma apologia que sai da Graça e entra em um legalismo institucional cheio de proibições e discussões infundadas. Quer um exemplo? Tais apologistas começam a se posicionar até mesmo contra expressões artísticas que, se vislumbradas sem preconceitos, ou mesmo sem conceitos confeccionados por uma visão turva e humana, podem ser instrumentos de propagação eficaz do evangelho. Não obstante, já vi apologistas se posicionando, não contra o conteúdo musical, mas contra estilo musical A, B ou C. O rock, nesse viés, é do diabo; o baião é capeta puro; e por aí vai! Parece até que esse tipo de apologética cristã busca glorificar o “deus” deste século, dando a ele demasiada honra criativa! É evidente que alguns estilos musicais, ou mesmo modismos, reduzem o próprio conceito de música à depravação, estupidez e imoralidade. Mas toda uma canção passa a se revelar como não adequada a um cristão dado o seu estilo?


Vejam que a apologia séria se baseia na Palavra e não em preconceitos, ou conceitos culturais turvamente adquiridos. Já vi apologista, por exemplo, valendo-se da ciência para criticar estilo A ou estilo B. Daí, o cristão que se vale do Rap para mandar uma mensagem de alerta autenticamente cristã, com uma amplitude de absorção e alcance muito mais abrangente que uma pregação normalmente atingiria, deve ser desconsiderado porque o estilo é pecado.


Mas não estou aqui para defender estilos musicais. O tema principal dessa postagem é trazer a tona um problema que tem crescido muito no meio cristão quando relacionado à apologética. Primeiramente, se um apologista se dispõe a criticar a nova pragmática adotada por esse pseudo-evangelho que se alastra de forma desastrosa e destruidora, deve também se dispor a apontar os equívocos de sua instituição, independente do risco de perder ou não influência. Em segundo lugar, muito do conteúdo apologético que tem sido apresentado atualmente, em vez de apontar com eficácia onde está alocado o erro, simplesmente discrimina um movimento por completo, destacando a própria metodologia como completamente antibíblica. Quer novamente um exemplo? Não sou gedozista, mas aponte-me alguma estratégia evangelística tão eficaz como o modelo celular? Sou contrário as doutrinas aplicadas pelo G-12, dentre as quais já destaquei inúmeras por meio de uma análise que apresentei do famigerado “Encontro com Deus”. Mas o bojo estratégico que a metodologia celular revela, concernente à criação de pontos evangelísticos de casa em casa é fantástico! Veja que o G-12 não redescobriu o Brasil quando apontou esse método; apenas buscou, lamentavelmente com pouco esmero e de forma muito reduzida, pelo menos um caminho seguido pela igreja primitiva, onde, ao invés de templos pomposos, a Igreja crescia em comunhão de casa em casa, ou pelo menos, nos lugares em que tinham oportunidade de se reunirem.


Mas, para os apologistas ególatras, qualquer manifestação que tenha o nome Células no meio, é furada, pecado, e tudo mais. Nesse mesmo jogo, também já vi até críticas infundadas contra a nomenclatura “ministério de louvor”; é evidente que o que mais se vê atualmente não são “ministérios” de louvor, mas criatórios de ídolos que sequer têm esmero com as doutrinas bíblicas na hora de criar suas canções. Mas, ao passo que alguns apologistas se revelam contrários a terminologia “ministério de louvor”, qual seria então o nome correto? Equipe de louvor? Engraçado! Mas para mim equipe mais se adéqua à visão de um time de futebol ou mesmo de uma empresa, do que à Igreja do Senhor... Na verdade, tudo que está relacionado ao culto, se analisado biblicamente, deveria receber o nome de ministério. Isso mesmo! Os serviços praticados na igreja, vinculados à liturgia, são ministérios! E não me venha com essa de que na Bíblia não tem nenhuma referência à existência de um “ministério de louvor”; tal argumentação não cola! De mesmo modo, na Bíblia não há qualquer menção de “equipe”, “conjunto” ou “grupo” de louvor. Tão somente são mencionados na consecução das atividades litúrgicas os salmos, as profecias, a pregação da Palavra etc. Em outras palavras, apologia que tenta prejudicar determinado conceito por meio do descaso, do uso de ironia sarcástica e ardil, simplesmente para tirar o foco do que efetivamente tal conceito representa, novamente, é covarde e infundada.


Apologética firme não defende ritos institucionais! Apologética livre pela verdade não cria e depois defende normas e leis litúrgicas peculiares a uma congregação local, mas tem seu espírito cativo na Graça libertadora e frutífera no Espírito (Gl 5.22)! Apologética séria confronta, sem medo de perder influência, até mesmo os erros praticados pela instituição a que se vincula o apologista! Apologética cristã é ministério profético que denuncia, sem reduzir determinada metodologia, a não ser que a própria metodologia fora dos preceitos bíblicos! Apologética cristã é dura de palavras, mas vazia de orgulho! Apologética fundamentalista é estratégica e não busca, desvinculada da fama e da influência; busca apenas agradar ao Deus Todo-Poderoso!


Que o Senhor possa trazer iluminação aos corações para que compreendam a presente exortação!


Em breve, se o Senhor nos permitir, estarei dando continuidade a esse tema!


Jordanny Silva