O Adeus dos Vivos
Ouço as vozes, os
gritos, os sons do silêncio
enquanto tuas últimas
palavras ecoam,
vão e vêm.
Porém ninguém mais as
ouve...
Chocam-se às rochosas
paredes
que se ergueram em meu
ser,
e soam outra vez, e
outra vez, e outra vez...
Mas rochas se abalam, e
tremem,
e fendem-se, e se
despedaçam.
Disseste-me adeus, o
pior adeus:
o adeus dos vivos,
que fere como a morte;
e que zumbifica aquele
que,
por ele, queda
ferido...
Contudo, caminho vivo,
e morto, sorrindo o
choro.
E o que resta da alma?
Afora a lembrança doce
de outrora, e agora
amarga, descendo da
boca às vísceras...
E não há mais uma
fagulha de esperança
entre os vivos para se
agarrar,
eis que resoluto,
dilacerado pela
de-cisão, que não foi
só inciso,
mas também contuso, e
confuso...
E fica a lembrança
dispersa da esperança;
e a distância
pavimenta as veredas
da solidão, que te
havia confessado...
Contudo, caminho vivo,
e morto, sorrindo o
choro.
E se há algum
conforto,
é no fingir o
fingimento dos poetas,
tal qual profetizado
pelo Poeta Fingidor...
Então finjo
a dor que deveras
sinto...
e caminho vivo,
e morto, sorrindo o
choro.
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